Podia ser apenas mais um desses inúmeros vídeos que as
pessoas mandam aos seus grupos de amigos pelas redes sociais. Mas o que Fernando
me enviou trouxe a feliz contribuição de me abrir as comportas da alma com uma
única frase: “... apenas a matéria vida era tão fina”.
Isso mesmo! Era Caetano Veloso explicando que escreveu a
canção “Cajuína” a partir de um encontro que teve, em Teresina – PI, com o pai
de Torquato Neto, pouco tempo depois que o parceiro musical da época da
Tropicália se suicidou.
Antes de representar apenas uma curiosidade a mais sobre a
intimidade de um ídolo, a explicação do poeta me remeteu a outros dois vídeos
que recebi esta manhã e que me estavam inquietando, convidando-me a tecer
reflexões mais profundas sobre a vida e a incontestável presença de Deus em
nossas vidas, quer acreditemos Nele ou não.
O primeiro mostrava a entrevista de uma criança curda, de 10
anos de idade, que fugira de sua cidade natal, Qaraqosh – principal cidade
cristã do Iraque –, por causa da ação dos homens do Califado, que expulsou os seguidores
de Jesus da planície de Nínive.
O segundo contava a história de uma acriana que, aos 24
anos, recém-casada, foi diagnosticada com câncer de mama e, apenas três meses
depois, descobriu que estava com metástase em várias partes do corpo.
O ponto comum entre as duas jovens era a fé irrestrita em
Deus e a confiança com que ambas entregavam as suas vidas, e tudo o que lhes
viria pela frente, unicamente à vontade do Criador.
Se uma via a força divina atuando em seu corpo, como a
apagar os rastros deixados pela doença (que parecia brincar de esconde-esconde,
aparecendo e sumindo de um órgão para ressurgir em outro, logo mais na frente),
a outra lembrava de casa e dos amigos que deixou com muita saudade, mas sem se
revoltar contra Deus nem cultivar ódio ou desejo de vingança pelos seus
agressores.
Enquanto Suviane assistia aos milagres que iam acontecendo
no seu dia-a-dia, e declarava amor incondicional à vida, exalando alegria e
confiança no Deus “que realiza maravilhas na vida de quem Nele crê”, a pequena
Myrian falava com a segurança de um adulto sobre o perdão das ofensas e entregava
a sua vida à vontade soberana de Deus: “Porque Ele é quem sabe”...
“Acredite, Deus existe!”, diz a brasileira, entre lágrimas e
sorrisos, deixando uma mensagem aos que, como ela, enfrentam a sua ‘Via Crucis’ e, sem se revoltar, estão crescendo
e servindo de exemplo.
Já Myrian, com seu comportamento genuinamente cristão, é a
própria mensagem ao mundo, fazendo-me lembrar do que asseverou Jesus quando
permitiu que se aproximassem dele as crianças trazidas pelas mães: “Em verdade
vos digo: todo aquele que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma
criança, nele não entrará” (Mc 10, 13-16).
Ela encerrou a entrevista cantando uma canção que falava da
felicidade de amar a Jesus; e de ser grato a Ele pelo amor que nos dispensa; e
do amor que deve nutrir o verdadeiro cristão, crescendo dia-a-dia dentro de si.
“Uma vida nova, um dia alegre, quando eu estou com meu Amado”,
cantou a menininha com os olhos dispostos no horizonte, cheia de um sentimento
vivo a lhe aquecer o coração, apesar de se encontrar tão longe de casa...
Exemplos que me fizeram pensar na misericórdia
incomensurável de Deus, que oportuniza o sol do seu amor a justos e injustos,
no exercício ininterrupto do viver.
Quem hoje sorri egoisticamente, em meio aos prazeres e às
facilidades, amanhã pode estar chorando amargamente, com chagas a lhe corroerem
o corpo e se sentindo bem longe de casa. Exatamente por não terem sabido
aproveitar as oportunidades que lhe foram concedidas, num tempo que ficou para
trás.
Mas nunca é tarde para cantar o amor divino e reconhecer a
profunda carência que temos, independente da nossa condição social, dessa luz
que nos alimenta e vivifica, impulsionando-nos a caminhar sempre para o Belo e
para o Bem.
Quando o homem, de fato, compreender a que se destina ‘o
existir’, quem sabe, “a matéria vida” se torne mais cara e mais forte em seu
íntimo, robustecendo a sua fé no exercício do amor ao próximo e criando
resistência para os desafios da vida com práticas e hábitos renovados.
Só então saberemos, de fato, ser gratos ao Pai da Vida, e ao
Amado enviado por ele para nos mostrar o roteiro da verdadeira felicidade,
espalhando a luz do Seu Evangelho de Amor e fazendo dos nossos passos
verdadeiras trilhas luminosas para tantos que venham à retaguarda.
@Texto publicado no site www.nossolar-al.org.br
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