quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Esperança para todos

Há um grande número de homens e mulheres, desde recém-nascidos a idosos, vivendo à margem da sociedade.

Aproveitando o ensejo da 23ª edição da campanha “Criança Esperança”, que foi ao ar no último sábado e segue até o próximo final de semana, pela TV Globo, me permito ser, aqui, a porta-voz da indignação de um amigo que vem atuando há três anos no chamado Terceiro Setor.

Revelou-me, há alguns dias, uma espécie de revolta pessoal ao ver as pessoas se engajarem com afinco a esta campanha, que foi lançada no ano de 1986, em um programa especial d’Os Trapalhões.

Em parceria com a Unesco, o Criança Esperança apóia, atualmente, mais de 5 mil projetos sociais voltados para a melhoria de vida das crianças brasileiras que estão em situação de risco e chegou a arrecadar 15 milhões de reais só no ano passado. De 2007 para cá, já foram produzidas mais de 100 reportagens mostrando a aplicação desses recursos nos projetos sociais apoiados.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aliás, é que recebe todo o dinheiro arrecadado e também que seleciona os projetos sociais a serem beneficiados, levando em consideração, entre outros aspectos, critérios como IDH, sustentabilidade, inovação e geração de impacto na comunidade.

Com a credibilidade conquistada ao longo de todos esses anos, o Criança Esperança tem conseguido cada vez mais chamar a atenção da opinião pública para a responsabilidade social, mudando o destino de milhares de meninas e meninos da Nação.

A revolta de Luís Passos, no entanto, não está relacionada à iniciativa da Rede Globo de Televisão; pelo contrário. Ele reconhece todo o mérito da campanha, mas se ressente quanto à falta de investimento do empresariado local junto aos diversos projetos sociais que estão em andamento, embora muito precariamente, em Alagoas.

Os extremos sociais em Maceió são bem acentuados e a miséria está exposta nas esquinas, nas praças, embaixo das marquises e até mesmo nos bairros nobres e turísticos da cidade. Há um grande número de homens e mulheres, desde recém-nascidos a idosos, vivendo à margem da sociedade. Há inúmeras instituições, igualmente, que realizam trabalhos de grande importância junto aos mais carentes, mas que sobrevivem da compaixão e da boa vontade de poucos.

O sonho de Luís é despertar o espírito natalino nas pessoas, a fim de que todos se comprometam, de alguma maneira, com o bem-estar coletivo e a dignidade alheia. “Ao invés de ficarmos apenas esperando que o governo faça a sua parte, eu gostaria que o espírito natalino perdurasse o ano todo no coração das pessoas; principalmente no dos empresários, que só lembram do social nesse período de festas”, desabafa.

Luís reclama que o empresariado local ainda não se deu conta da força e da importância do “marketing social”, que influencia os clientes a preferirem este ou aquele produto pelo simples fato de estar associado a ações de cunho ecológico e social, como a preservação do meio ambiente e a promoção da criatura humana.

A idéia do voluntariado – movimento crescente na sociedade hodierna – é unir esforços e somar parcerias, entre os civis, as instituições e o empresariado, para, juntos, proporcionarem melhor qualidade de vida e condições dignas de sobrevivência para os que vivem à margem da linha de pobreza. A educação, a saúde e a cultura desses indivíduos, portanto, sendo promovidas também por cada um de nós.

Iniciativas como a de Luís, com o site Sociedade Amiga, e de Maurício Aquino, com o projeto Voluntários em Ação, por exemplo – que visam intermediar o acesso das empresas às instituições carentes e promover melhores condições de educação e saúde à comunidade da Grota São Rafael e adjacências, respectivamente –, merecem ser apoiadas por todos para que o espírito natalino seja uma constante no coração humano e a esperança, um sentimento comum aos alagoanos também.

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