sábado, 27 de setembro de 2008

"Amor"

Não tinha olhos baços: eram lúcidos! Não tinha passos vacilantes ou indecisos, mas firmes e determinados. A voz não era rouca ou dissonante. Falava com entusiasmo e suas palavras vibravam para fora da boca como se fossem notas musicais. Seus gestos não eram aleatórios, mas precisos, como se fossem previamente calculados. Nada do que dizia tinha o intuito de magoar, pelo contrário! Mesmo que não tivesse a intenção, suas palavras e seus gestos, os conselhos e as orientações que dava tinham sempre um efeito calmante e incentivador sobre quem o procurasse. E mesmo os que não logravam chegar até ele, bastava que povoassem a mente com o seu semblante para se sentirem envolvidos pela doçura inesquecível do seu olhar e se sentirem, de imediato, compreendidos, confortados, fortalecidos e profundamente amados. Jamais se apresentara às pessoas: era descoberto. Não prometia nada na Terra nem representava nela qualquer entidade ou instituição, mas inspirava confiança e credibilidade, e espalhava sonhos de futuro em cada coração. Jamais falava sobre si com a intenção de se vangloriar ou conseguir privilégios. Nunca se soube ao certo de onde vinha ou para onde ia: estava a caminho...
Ninguém nunca soube o seu verdadeiro nome, mas todos o chamavam "Amor".

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