quinta-feira, 8 de abril de 2010

Muito além do nada

Para você, que está vivendo um momento muito difícil, que passou por uma situação deveras humilhante e constrangedora, que tem amargado a indiferença e a deslealdade de uma pessoa muito querida, ou está sofrendo uma pressão sócio/moral muito grande, e sente-se cansado, é preciso que se diga: - Tudo isso passa! Os momentos difíceis, as situações infelizes e as experiências tristes; o abandono, as perdas, as humilhações e as traições de toda sorte, assim como tudo de bom que já experimentaste nesta existência, leitor(a) amigo(a), também vai passar. Acredita!

Por falta de uma fé raciocinada e pela ansiedade – fruto do imediatismo de que se fazem vítimas –, muitos se despedem da vida com o estigma inglório dos desertores. Mas, ao contrário do que supunham, a morte do corpo não põe fim às aflições da alma nem apaga os males que nos afligem; pelo contrário! Experiência de dor atroz – porque moral –, o suicídio só amplia as agruras das quais se tenta fugir, como uma lente de aumento. O pavor e a solidão de antes, a dor que parecia interminável, agora, serão companheiros constantes... Ao invés do vazio esperado, mergulha-se na angústia da inexistência da morte: o nada não existe.

Assim como o suicídio, também a loucura assinala a fuga daqueles que não aprendem a “esperar em Deus”. Daqueles que não têm a coragem de enfrentar os desafios com a humildade de reconhecer-se, também, uma criatura passível de erros; daqueles que não aceitam “perder” e buscam os desvios por não suportarem as pedras do caminho...

O homem consciente, afirma Allan Kardec no livro “O Céu e o Inferno”, não se limita a crer, porque compreende; e compreende porque raciocina. “A vida futura é uma realidade que se lhe desenrola incessantemente aos olhos, [...] de modo que a dúvida não pode empolgá-lo, ou ter-lhe guarida na alma”. Que lhe importam os incidentes da jornada – questiona o codificador do Espiritismo – se ele compreende a causa e a utilidade das vicissitudes humanas, quando suportadas com resignação?

Nada perece na Criação Divina. Nada mais, além da matéria, está limitado aos prazos e aos moldes terrenos. A vida é eterna, e a eternidade é uma fatalidade do espírito – que somos todos nós. Em contrapartida, tudo passa. Mas é preciso ter paciência e saber esperar “as cenas do próximo capítulo”, que serão escritas por nós mesmos. O melhor,
acredita, sempre está por vir...

É preciso, no entanto, que se abdique das vantagens imediatas em prol do futuro – salienta Kardec. “Devemos considerar essa vida sob um ponto de vista que satisfaça simultaneamente à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito em que temos a grandeza, a bondade e a justiça de Deus”, sugere o mestre lionês. Em outra página, no Evangelho Segundo o Espiritismo, ele orienta dizendo: “A calma e a resignação, hauridas na maneira de encarar a vida terrestre e na fé no futuro, dão ao espírito [leia-se cada um de nós] uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio”.

Cuidemo-nos hoje, portanto, conscientes da total responsabilidade que temos para com a própria saúde, equilíbrio e lucidez. A felicidade é uma construção diária, constituída não de ilusões e fantasias, mas de conquistas reais – realizadas, principalmente, sobre nós mesmos. E não importa se acreditas nisso ou não; assim é a Lei.

Quanto aos que arrancaram as páginas da existência acreditando na ilusão do nada, demo-lhes o conforto das nossas preces e da nossa compaixão. Lembremos que Jesus afirmou que nenhuma das suas ovelhas se perderia do redil, e que Ele mesmo nos apresentou o Deus-Pai. Portanto, se os pais da Terra, que são falhos, continuam a amar os seus filhos apesar das escolhas erradas que fizeram, ou dos erros que por ventura venham a cometer, que dirá o nosso Pai do Céu, que é todo amor, justiça e bondade?

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