Brincava no chão da sala quando deu a notícia “à queima
roupa”:
- Mamãe, eu já sei o que vou ser quando crescer!
- É mesmo, meu filho? Você vai ser o que? – perguntou minha
amiga ao seu primogênito de apenas cinco anos.
- Procurador. – respondeu João Bernardo, sem maiores
detalhes.
- Procurador, meu filho! –
exclamou surpresa com a opção singular – Procurador de justiça?
E logo começou a divagar a cerca do futuro do filho, não só
como defensor da sociedade através do Ministério Público, mas, também, pelo
alto salário, que certamente lhe garantiria uma vida confortável.
Mas logo voltou à realidade, com a resposta ainda mais surpreendente do que a anterior:
Mas logo voltou à realidade, com a resposta ainda mais surpreendente do que a anterior:
- Não, mamãe, procurador de tesouros.
Mais tarde, ao tomar conhecimento do fato, e por ter achado
muita graça, a avó materna não cansava de indagar o neto sobre a atividade
profissional que abraçaria quando se tornasse adulto.
Para sua surpresa, a neta
caçula de apenas dois anos de idade – e fiel companheira de aventuras do “primo-irmão”
– também quis socializar os seus planos para o futuro...
- Eu também já sei o que vou ser quando crescer, vovó.
- É mesmo! – exclamou a senhora, encantada com a
inteligência dos netos – E o que será?
- Apaixonada – respondeu sem demora, e com os olhinhos
brilhando, a pequena Carol.
- Apaixonada, meu amor. Apaixonada por quem? – ajuntou
rapidinho, querendo saber o que se passava na cabecinha da menina.
Então a viu estender os olhinhos para mais adiante e um
sorriso maroto iluminar sua face no momento em que dizia toda melosa:
-
“Apassonada pelo Zuão”...
Essa passagem, a meu ver, é apenas uma das tantas
protagonizadas por essas duas criaturinhas lindas, que vivem uma amizade
sincera e cativante desde “os tempos da barriga”:
uma prova de que o amor é esse sentimento imorredouro, que atravessa os séculos, retornando, intacto, em futuras encarnações.
uma prova de que o amor é esse sentimento imorredouro, que atravessa os séculos, retornando, intacto, em futuras encarnações.
Quando a barriga da tia ainda estava crescendo, João a
cercava de todo carinho, dizendo amar muito o serzinho que se formava ali
dentro.
Cá fora, eles não perdem a oportunidade de verbalizar o que sentem um
pelo outro, mas sempre com a pureza que as suas idades permitem.
Outro dia, viajava silencioso com os pais ao encontro dos
familiares, que já os aguardavam na casa de praia, quando, ao descer do carro,
foi recebido com efusividade pela prima:
- “Zuão, eu zá tava ouvindo a sua voz!”.
- “É porque eu tava pensando em você” – retrucou o menino,
com sinceridade, antes do abraço, sem sequer se dar conta da profunda sintonia
que há entre eles.
Coisa que ocorre com tanta naturalidade que os pais nem
interferem quando, como qualquer criança, os primos acabam “se estranhando”.
De longe, apenas observam o que, muitas vezes, apenas denuncia a longa trajetória conjunta dessas almas.
De longe, apenas observam o que, muitas vezes, apenas denuncia a longa trajetória conjunta dessas almas.
Da última vez, entediado com a tagarelice da prima (sentadinha
ao seu lado em mais uma tarde de brincadeiras na casa da avó), João Bernardo se
levantou e saiu dizendo não suportar mais a companhia da menina.
Quando se viu
sozinha, Carol olhou para os lados e correu atrás do primo gritando:
- Eu também não!
@para Flavinha, Nuno, Carol e João Bernardo.
7 comentários:
Me fez ir às lágrimas, mais uma vez! Obrigada por contar de forma tão encantadora a união desses dois tesourinhos da minha existência! amo você!
Beijos da Flavinha
Hahahaha, adoro as façanhas de João Bernardo! e com essa nova (para mim, pois não a conhecia) figurinha é que deve mesmo ser um barato! Por sinal, diga a autora do blog (Yvette Moura), que adorei a sua escrita, adorei seus desabafos! fazer parte dos meus favoritos! beijo!
Shayline Leite
(recado publicado hoje no Facebook de Flávia Batista)
Ai que vontade de chorar! Que lindo o amor de "Zuão" e Carol. Tão real...tão verdade! Amei!
Anamaria Santiago
(recado publicado no Facebook de Flávia Batista)
Eu chorei, Anamaria! E é tudo verdade, viu! cada palavrinha! Meu filho e minha sobrinha tão lindos assim nas palavras de Yvette foi demais pra mim!
Flávia Batista
Que lindo! Já sabia que ele vai ser procurador, mas não sabia dessa ligação linda com a priminha "apassonada" por ele! Que sorriso me trouxe ao rosto!
Luciana Buarque
(comentário publicado no Facebook de Flávia Batista)
Quanto orgulho de ser tia desses dois "tesouros", João e Carol!
E quanta sensibilidade ao relatar tão linda história! E o melhor de tudo é que ela é história real, história de uma família, de uma vida
Fernanda
Sempre dá vontade de re-ler. Desta vez por motivos que dispensam palavras. Parabéns pelo texto e pela amizade.
Nuno Batista.
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