E eu, que nasci no Verão, nada entendia do reflorescimento
da flora e da fauna nem de temperaturas suaves, de brisas perfumadas ou jardins cobertos de cores, trêmulos de borboletas.
Até te receber, tudo o que conhecia eram temperaturas
fortes, chuvas torrenciais e calores intensos; sabia só das mangueiras
carregadas, com seus frutos suculentos e carnudos a penderem dos galhos; também
das baforadas quentes da estação, amenizadas pelo sumo travoso dos cajus, amarelando os quintais e colhidos com as mãos...
Aliás, eu nem conhecia os invernos! Apenas o prolongamento dos
dias, cada vez mais longos e claros, e os sussurros dos outonos – tempo de adeuses e folhas
caídas, tapetando a poeira das estradas, sepultando amores infantis;
tempo de apartes e saudades, após as férias mais compridas do ano e os ruidosos
veraneios em praias balneáveis...
Não, não. Eu sequer podia imaginar como se processava o sair
do casulo, o acordar de um sono profundo, o começar de novo de um ente querido que acaba de chegar ao mundo. Aliás, eu nem suspeitava o que havia após os invernos!
Até a tua chegada, até te pegar nos braços e te ninar no colo,
até olhar a tua face risonha e rosada, como flor de romã desabrochando em plena
temporada, eu nada conhecia da beleza das flores, da fluidez dos dias, do
pintalgar dos jardins primaveris...
Eu pouco sabia do amor, meu bem, antes de ti. E te sou muito grata porque me ensinas com doçura e benevolência.
Brincar de mãe e filha, instruir e aprender, tudo se tornou
mais fácil, então, desde que te concebi. Desde que chegaste, espalhando
sorrisos e abraços, a vida se tornou mais leve em mim. E eu fui ficando mais tranquila e
serena com o tempo, plenamente feliz.
@ para Maya, como um presente...
3 comentários:
Linda. muito linda.
Simone Martins
Belíssima, Yvette Moura.
Bernadete Marinho.
Saudades!
Ivana R.
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