segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Toda mulher tem o seu dia de "rainha"

Diz um amigo meu que não existe mulher feia. Bom, pelo menos foi o que eu entendi do discurso adocicado que ele improvisou, outro dia, sobre as qualidades femininas. “Cada mulher tem sua beleza!”, afirmou categórico, tentando ganhar, talvez, a simpatia desta representante do gênero.

Puxando a farinha para o meu saco, eu diria que seu raciocínio parece correto, pois a enorme quantidade de temas relacionados à mulher, em todos os âmbitos do conhecimento, além das inúmeras instituições criadas para protegê-la e garantir os seus direitos, dão sinal de que ela é um Ser, no mínimo, especial.

Que o digam os poetas, que adoram enaltecer as belezas e os valores femininos em seus versos e canções. Ressaltando cada aspecto do chamado “sexo frágil”, foi que criaram os vários tipos de mulher que hoje conhecemos: a Amélia, a ingrata, a guerreira, a cachorra, a doméstica, a descarada... E por aí vai.

Seja lá como for, o fato é que desde a conferência internacional de mulheres, em 1910, na Dinamarca – em que a data 08 de março ficou estabelecida como o Dia Internacional da Mulher (uma homenagem às 130 trabalhadoras que morreram queimadas quando lutavam por melhores condições de trabalho e um salário mais justo, já que trabalhavam mais de 16 horas por dia e recebiam menos de um terço do salário dos homens) –, o mundo abriu mais os olhos para as causas femininas.

Apesar disso, a maioria das mulheres ainda é educada para encontrar o “príncipe encantado” e ser “feliz para sempre” – crença que mais atrapalha do que ajuda, no meu entendimento.

O fato é que o tempo passou. O mundo evoluiu. E as mulheres e os homens também. Mas tem algumas coisas nesse universo que não mudam nunca! Apesar das conquistas realizadas e das portas que se abriram no mercado de trabalho, à mulher é imputada uma série de tarefas consideradas prioritariamente femininas. Mesmo trabalhando fora (salvo algumas exceções), as fêmeas não são isentas das atividades domésticas nem do cuidado dos filhos. Por conseqüência, a jornada de trabalho feminina continua sendo de mais de 16 horas diárias. Isso sem falar que maternidade é um (en)cargo vitalício...

Descobri recentemente, no entanto, que entre os prós e os contras de pertencer a esse gênero (coisa que eu adoro), há algo que não se pode negar: toda mulher tem o seu dia de rainha. Bom, é claro que não me refiro àquelas que têm nesse um título permanente, como a dos Baixinhos, a das Embaixadinhas, a da Inglaterra... Ou a da Cocada Preta! Mas, àquelas cujo título é efêmero e pode ser adquirido por pobres e ricas, sangues vermelhos ou azuis, e tanto por personalidades do show business quanto por meras desconhecidas.

Outro dia, chegando à casa de meu irmão, encontrei a cunhada Márcia um tanto quanto abatida. Ao ser questionada sobre o motivo de tamanhas olheiras, e da silhueta mais esbelta, deu-me uma resposta curiosa, em meio a caretas e sorrisos: “Tô vivendo o meu dia de rainha: desde a madrugada que não saio do trono!” Disse, fazendo uma alusão aos efeitos da virose que acometeu toda a família.

Já eu, experimentei recentemente o que minha sobrinha chamou de “Domingo no Tanque”. Moderna, dediquei esse dia às atividades físicas. E foi um tal de molha-esfrega-lava-e-passa, varre-aqui-e-acolá, lava-a-louça, cozinha e-lava-tudo-outra-vez que não acabava mais.

À noitinha, ao contrário da amiga que me ligou enfadada com o seu “reinado” (ela passou o dia na cama, preguiçando), eu estava quebrada com o inesquecível dia de rainha que tive: rainha do lar!


@ para Narciso.

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