quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Em defesa da vida

Violência. Aborto. Suicídio. Agressão ao meio ambiente. Destruições de toda sorte estão acontecendo por aí. Reza o imaginário popular que “a bruxa está solta” no mês de agosto...

Segundo especialistas, várias razões contribuem para o aumento dos ventos nessa época do ano, entre elas, o choque da temperatura do oceano Atlântico (fria) com a do nosso continente (quente). Estudos prevêem que a velocidade dos ventos pode chegar a 40 km/h, esse mês, no Rio Grande do Norte. Qualquer coisa que venha a acontecer em consequência disso, contudo, será creditado certamente às “damas da feitiçaria”...

Mas, as ventanias características dessa época do ano no litoral brasileiro, as baixas temperaturas na serra gaúcha, o calor excessivo que vem causando mortes no Japão, as misérias que campeiam pelo mundo a fora, e a maldade humana não têm nada a ver com essa superstição. Como crianças voluntariosas, no entanto, nós continuamos preferindo a fantasia à mudança de atitudes...

Para fazer jus à assertiva infeliz, muita gente está importando a cultura norteamericana com a chamada “Festa das Bruxas”, comemorada no dia 31 de outubro. O Halloween, no entanto, foi criado na Antiguidade com uma conotação bem diferente da que se lhe dá nos dias atuais. Cercada por figuras simbólicas, a festividade tinha o objetivo de proteger a colheita dos Celtas – antigo povo anglo-saxão, que habitava as ilhas britânicas. Com a perseguição da igreja às sensitivas da Idade Média (que eram chamadas de “bruxas” e “feiticeiras” pela Inquisição), a festa ganhou lendas e símbolos associados à morte, espalhando a idéia de que, nessa noite, os mortos-vivos vagam por aí.

Segundo o site Brasil Escola, incomodado com a dimensão que a festividade vem ganhando no mundo, no ano passado o Vaticano condenou o Halloween, apontando-o como uma festa perigosa, cheia de elementos anticristãos.

Cultuada pelas escolas de língua estrangeira, a brincadeira, aqui no Brasil, parece-me um tanto quanto fora de propósito. Com maquiagem carregada, figurino bizarro e cenários mórbidos, jovens de todas as idades reproduzem cenas de morte e violência para animar a data alusiva...

Num país cheio de dificuldades sociais, como o nosso – com um crescente índice de violência e “insegurança” pública –, as pessoas deveriam se ocupar mais com solidariedade e manifestações de paz do que com o culto à morte.

Não falo da paz que nos falta, e que parece perdida a cada nova manchete de jornal, mas daquela que pode ser construída no cotidiano, por cada cidadão comum, nos gestos mais singelos, nas mais ínfimas ações. Falo da alteridade, do respeito ao próximo, da compaixão. Falo das pequenas gentilezas, da afabilidade, da delicadeza. Falo de sorrisos sinceros, da importância do “Bom dia!” e do “Deus te abençoe!”. Falo do “Vosso Reino” em detrimento do “venha a nós”. Falo de mim e de você, estimado leitor...

Durante todo este mês, o Instituto Espírita Fernando Malta de Campos (Prado) realizará o ciclo de estudos “Diga Sim à Vida”, uma iniciativa que tem como principal objetivo promover a melhoria do ser e o despertar das consciências. Temas do cotidiano, como violência, aborto, suicídio e conservação do meio ambiente, entre outros, serão abordados com profundidade por estudiosos. Exemplo, a meu ver, semelhante ao trabalho da formiguinha, que segue intimorata, com seus passinhos miúdos: sempre em frente! Na sua vigésima edição, esse ciclo engrossa o debate sobre os problemas que a sociedade faz questão de mascarar, embora eles sejam cada vez mais frequentes.

Mas não dá mais para “fazer de conta”! A violência está aqui – travestida de muitas formas; os desequilíbrios e os vícios também... A sociedade está doente. Precisamos encará-la de frente, nos reconhecermos nela e efetivamente buscar a cura.

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