Ir e vir sem ser colhido pela violência; dizer
o que pensa sem sofrer represálias;
nascer e morrer com dignidade...
Quando tudo estava silencioso e todos pareciam adormecidos,
ouviu-se um ronco surdo ao longe, como um gemido solitário ou um longo uivo de
dor, parecendo mais um bicho ferido.
- Quem grita? Perguntam. O que diz?
- Quem se importa? Dizem outros. Quem ousa me tirar do sono
profundo?
Sem precisar o tempo, ou qual dos ponteiros se mexeu, não
demora ouve-se outro grito, e logo outros vêm à retaguarda, como um gemido
coletivo acordando toda a massa.
Lá no horizonte, o dia se insinua em crescentes rasgos de
luz, como se o céu se desprendesse da Terra ou estivesse, curiosamente, beijando
a sua tez.
Não há como esconder-se agora, ou fingir que nada aconteceu,
porque os gritos vêm de toda parte e os rumores já se escutam pelas redondezas.
Como uma massa homogênea que cresce, o clamor se aproxima a passos largos. São
homens, mulheres, velhos e crianças em contínuo movimento. São jovens cheios de
esperança, em rogos de mudança e atitude.
Por força das circunstâncias, saíram da internet e voltaram
à vida real. Estão descobrindo outras emoções e novas possibilidades. A fuga
virtual aos poucos cairá em desuso e um novo internauta começa a se mostrar nas
redes: mais ativo, participativo e combatente. Sim, comemoremos, o jovem está
presente!
Vem da casa, da escola ou após a jornada de trabalho. Fala
por si e por todos. Quem anda e quem não anda de ônibus, quem crê e quem não
acredita mais. Grita palavras de ordem, exibe alto o seu cartaz, sente orgulho
de ser brasileiro. Mas repudia a desordem, a ação dos vândalos e o oportunismo
partidário. Agora são, simplesmente, o corpo e a voz do povo brasileiro.
Chega de projetos mirabolantes e emendas perniciosas. Chega de
farra com o dinheiro público. Chega de promessas ardilosas... O povo não quer mais
samba e futebol. Quer isso e mais aquilo. Saúde gratuita e de qualidade, transporte,
educação, trabalho e oportunidade. O povo quer mais compromisso, mas não é só
isso; também quer liberdade. Ir e vir sem ser colhido pela violência; dizer o
que pensa sem sofrer represálias; nascer e morrer com dignidade...
Atenção, senhores, ouçam o grito que vem das ruas! Em meio a
tantas reivindicações, o que se quer com este clamor coletivo é respeito. Isso
mesmo, o povo exige RESPEITO.
Um comentário:
Minha amada maria moura, legal a sua intervenção cidadã. Viva o Brasil!!!
Wellington Santos
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