sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Ama-dor-(a)

Acho que fui uma daquelas crianças, como bem definiu Drummond, que amam demais. Não um, nem dois, mas muitos foram os amores que sofri até aqui. Além dos tantos que passaram (tão distraída era quanto a sentimentos alheios) e eu nem percebi.

Os anos correram, mas meus olhos ainda se debruçam na janela para espreitar a vida (coração em disparada!). Embora sejam brancos quase todos os fios do cabelo que vejo refletido no espelho, e a face esteja coberta de vincos, a alma é tola ainda e apaixona-se com facilidade.

Pois quando penso em tudo que vivi até aqui (afora a preocupação constante com os sentimentos alheios, que agora tenho), levo um susto!

São tantos os espectros que trago na lembrança do meu passado libertário, tantos rostos cujos nomes já foram esquecidos (e outros tantos amores ainda há que não sofri), que apenas uma constatação faço: da criança amadora que fui, quase não cresci!


@ texto inspirado no poema "Amor, Sinal Estranho", de Carlos Drummond de Andrade.

2 comentários:

Barros de Alencar disse...

"Recordançãs" é história e nós somos a nossa história. Alguém já disse "recorar é viver" e quando se tem espectativas então é vida completa.
"Recordançãs" boas ou não tão boas, são experiências que nos ajuda a construir a nossa história (vida) "nossa impressão digital.
Por isso ser sempre "ama (a)dor".
Parbeéns.
abs.

do ás ao rei disse...

Pois é MM, essa é uma das únicas verdades sobre o amor (principalmente os que vão)... "sofremos" o amor! Não que seja ruim. O sofrimento ajuda a moldar a nossa estrutura mental, arranca raízes tão subterrâneas, que são espécimes desconhecidas de todos, inclusive de nós mesmos...
Bjs,
Ás Sofredor.