quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Uma mesa entre nós...

“A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos.”

Temos acompanhado pela mídia, quase que diariamente, casos recorrentes de violência envolvendo jovens. Quando não são acidentes automobilísticos (que têm diminuído consideravelmente depois da Lei Seca), são assassinatos ou sinistros afins, ocasionados pelo consumo de drogas ou pela má influência de amigos.

Devido a isso, creio, o Fantástico vem apresentando uma série de reportagens sobre jovens desregrados e a luta das famílias para resgatá-los. Uma iniciativa muito positiva, porque mantém o tema “Família” em pauta. Afinal, sejam quais forem as circunstâncias, o amor dos pais é, invariavelmente, o recurso fundamental para o soerguimento desses adolescentes, que, através da rebeldia ou da transgressão, na maioria das vezes, apenas reclamam carinho, atenção e limites.

Nossa sociedade passou de um extremo a outro na relação entre pais e filhos e, agora, parece que os adultos estão sem saber o que fazer quando as suas “crianças” começam a andar com as próprias pernas e tomar rumos que lhes desagradam.

Antes era o distanciamento excessivo: um respeito imposto por uma hierarquia tirânica, em que a figura paterna era tão inatingível quão incontestável. Em oposição, adotou-se o liberalismo como regra de conduta, e os pais acabaram se tornando reféns de filhos voluntariosos e desregrados, cujos desejos e caprichos ditam as regras dessa relação.

Diante do resultado desastroso desse outro pólo, alguns pais correm atrás do prejuízo e tentam fazer diferente. Uns conseguem lograr êxito; outros são vencidos pelo tempo, como os que lamentam por perderem seus filhos antes que pudessem contornar o problema.

“É necessário que os pais gastem mais tempo com os filhos adolescentes!”, disse o psicólogo que acompanhava o caso do jovem rebelde apresentado no programa do último domingo. Isso me fez lembrar da frase que ouvi de uma psicopedagoga em uma reunião de pais, quando minhas filhas estavam ainda na primeira infância: “Tudo o que vocês estão ensinando agora para os seus filhos, terão que repetir na adolescência”.

De fato, os primeiros sinais de rebeldia, as pequenas arestas que vão aparecendo na adolescência, precisam ser pontuados e corrigidos de imediato. Até as “palavrinhas mágicas” (lembram?) devem ser recordadas para que eles conheçam os seus limites e respeitem os do próximo. Mas como nos familiarizarmos com os seus problemas se não estivermos por perto?

Precisamos estar atentos e disponibilizar tempo para acompanhar os filhos nessa fase tão delicada; exatamente como fazíamos quando nossos bebês estavam começando a andar. Afinal, o que é a adolescência senão os primeiros passos para a fase adulta, quando as nossas “crianças” terão que agir como gente grande, com atitudes maduras e decisões ponderadas?

Nunca ouve tanta ausência de amor dentro dos lares. Nunca foi tão oportuno quanto necessário o Culto do Evangelho no Lar...

Sentado à mesa da casa de Pedro e vendo que a frivolidade começava a mudar o rumo das conversas, Jesus teria dito, segundo Néio Lúcio, no fabuloso “Jesus no Lar”: “O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. [...] A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se não nos habituarmos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai, que nos parece distante?”.

Foi assim que fez o pai de Liliu (Eliane Rosa e Silva) quando, adotando a mesa como símbolo da reunião da família, ensinou os filhos a resolverem as contendas familiares sentados ao mesmo móvel em que se alimentavam. Exatamente como fizera, muitas vezes, discutindo os problemas e encontrando, com a esposa, a solução para a harmonia do lar. Onde se nutre o corpo, eu diria, também se alimenta a alma.

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