quarta-feira, 17 de junho de 2009

Singelos, mas inesquecíveis!

Em meio aos festejos juninos é difícil não falar de coisas pertinentes ao universo caipira, em que a brejeirice e a singeleza da vida no interior dão um tom e uma beleza especial a essa época.

Muitos artistas se celebrizaram imitando o homem do campo ou criando personagens inspirados neles. Alguns por ressaltarem a coragem e a virilidade do matuto em diversos romances, filmes e novelas da teledramaturgia brasileira; outros, colocando uma lente de aumento nos trejeitos e no sotaque interioranos, criaram tipos inesquecíveis, como Jeca Tatu, Pantaleão, Nerso da Capitinga e Chico Bento.

Nos anos 50 foram a fala arrastada (com o “r” dobrado), o andar esquisito e o jeito desengonçado do inigualável Jeca que tiraram Mazzaropi do anonimato e fizeram dele um grande cineasta.

Pelo Brasil afora, muitos “matutos” acabaram ganhando fama e notoriedade pelo trabalho inovador que realizaram, mas nenhum deles se destacou tanto – em todos os sentidos – quanto o da pequena cidade de Pedro Leopoldo, no interior de Minas.

Tido como estranho desde pequeno – porque ouvia e falava com os mortos –, Francisco Cândido Xavier tornou-se a maior referência brasileira em matéria de amor ao próximo e Espiritismo.

Foi o mais profícuo médium psicógrafo da história, tendo chegado a produzir mais de oito livros por ano, apesar das diversas limitações físicas: sucessivas crises de angina, duas pneumonias graves, catarata crônica, além do desgaste físico provocado pelos longos anos de excessiva carga de trabalho e poucas horas de sono.

Amado por pobres e ricos que foram ajudados por ele, odiado por alguns representantes de outros credos religiosos e visto com grande desconfiança por muitos intelectuais e jornalistas – que tentavam, de todas as formas, provar que ele não passava de uma fraude –, Chico viveu os quase 75 anos de apostolado sem trocar farpas com quem quer que seja, ocupando o seu tempo com o trabalho como escriturário do Ministério da Fazenda, a sua missão mediúnica, o serviço voluntário de amor ao próximo e os cuidados com os seus irmãos pequenos.

O trabalho, para ele, era um compromisso e uma terapia. Receitava o trabalho caritativo como cura para a ansiedade, alívio para a solidão, antídoto contra as obsessões e como meio de prolongar a vida. Seguia à risca a orientação do seu mentor espiritual Emmanuel: “Nada se pode fazer de nada. Vamos trabalhar como se amanhã já não fosse possível fazer nada”.

Nos 92 anos de vida, 74 dos quais dedicados a servir de ponte entre o Plano Espiritual e o Plano Físico, Chico Xavier psicografou 412 livros e vendeu 25 milhões de exemplares (mais de 1 milhão só do clássico “Nosso Lar”), tendo doado toda a renda, em cartório, a mais de duas mil instituições de caridade.

Apesar da simplicidade que lhe era característica, em fevereiro de 2000, o filho acanhado de Pedro Leopoldo foi eleito o Mineiro do Século numa votação que mobilizou todo o Estado de Minas Gerais. Chico ultrapassou concorrentes de peso, como Santos Dumont, Pelé, Betinho, Carlos Drummond de Andrade e Juscelino Kubitschek, consagrando-se como fenômeno popular com mais de 700 mil votos.

Quarenta e oito horas depois do seu desencarne, no dia 30 de junho de 2002, mais de 30 mil pessoas acompanharam o cortejo do corpo do médium a pé. O caixão foi recebido com uma chuva de pétalas de três mil rosas, lançadas de um helicóptero da PRF, e, a pedido de Chico, as flores das coroas foram distribuídas com os que acompanhavam a marcha...

Mas indagado por um jornalista, anos antes, sobre se haveria um novo Chico Xavier após a sua morte, o mineiro mais ilustre do Século XX respondeu com a mesma humildade que o imortalizou: “Morre um capim, nasce outro”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que você dexou de ser seguidora de meu blog....
tô muito triste, por que eu ainda sou seu seguidor.......
http://sementesdeevangelizacao.blogspot.com
Grande Abraço
Fica com Deus
Joabe Sampaio.