quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mulheres que escolheram a melhor parte

(Clécia, Nina, Fafá, Beth, Mary, Rosilene, Valéria, Conceição e Elizabeth)

Cerca de três quilômetros a sudoeste de Jerusalém, na vila de Betânia, sentada humildemente aos pés do amigo da família, que acabara de chegar, Maria se quedara, atenta, sorvendo cada palavra que saía de sua boca. Marta, percebendo a distração da irmã enquanto ela própria se desdobrava em várias tarefas para melhor recepcionar o visitante querido, toma aquilo como descaso e, irritada, aproxima-se do amigo para fazer uma reclamação:

- “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude”.
Jesus, reconhecendo o espírito laborioso e prático da amiga, mas profundamente generoso, não repudiou o seu gesto, antes o aproveitou para ensinar que a experiência terrena exige mais do que o simples cumprimento das obrigações sociais e a execução das tarefas de todo dia.

Ciente do curto tempo que teria entre os homens e de que aquela poderia ser a última vez que estaria com amigos tão amados, mais do que ser servido, Jesus desejava nutri-los com o alimento de vida eterna, que eram os seus ensinos.

- Marta, Marta – disse Ele –, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas, no entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada (Lucas, 10; 38-42).
Mais uma vez estabelecia como meta para o homem encarnado na Terra a evolução do espírito, que carecia do alimento espiritual para lográ-lo; caso contrário, permaneceríamos estacionados intelectual e moralmente, excessivamente ansiosos por questões meramente materiais.

Os cuidados de Marta iriam nutri-Lo, bem como todos que o acompanhavam, por apenas um dia, ao passo que o banquete ofertado por Ele, naquela oportunidade única, iria sustentar todos pela vida inteira.

Há 25 anos, seguindo o exemplo da irmã caçula de Lázaro e espelhado na experiência das confreiras de Pernambuco e da Paraíba, um grupo de mulheres alagoanas resolveu sair do restrito ambiente doméstico para levar o Evangelho de Jesus a todos os lares maceioenses. A ideia era oferecer à sociedade uma reflexão mais profunda sobre questões e temas vivenciados dentro do seio familiar, à luz do Espiritismo.

Fiéis àquele ensinamento de Jesus, no livro de Lucas, essas mulheres compreenderam que, apesar das responsabilidades que tinham no lar, como Marta, a Doutrina Espírita as convidava a desenvolverem o idealismo e a sensibilidade de Maria para se transformarem, também, em disseminadoras dos ensinos do Cristo.

Naquela época, em meados da década de 80, não era comum se vê mulheres à frente das tribunas divulgando o tríplice aspecto da Doutrina, que comunga ciência, filosofia e religião em um único caminho de recondução do homem ao Pai da Vida.
As precursoras, no entanto, lideradas pela fundadora Ruth Câmara, agradecidas pelos tantos benefícios que o Espiritismo havia trazido para as suas vidas, decidiram conclamar todas as mulheres para o compromisso da divulgação da enobrecedora doutrina. Foi assim que, em setembro de 1985, teve início a 1ª Jornada da Mulher Espírita Alagoana.

Passado um quarto de século ainda é possível ver o mesmo brilho nos olhos daquelas que perseveram nessa missão desde o princípio. O tempo pode até ter branqueado os cabelos de Conceição Farias, Elizabeth Tenório e Nina Ângelo, mas a jovialidade dos seus espíritos, empreendedores e idealistas, continua visivelmente presente nos preparativos da 25ª Jornada da Mulher Espírita do Estado de Alagoas, de 13 a 20 deste mês.

Ao longo desse tempo, muitas mulheres já passaram pelo grupo, e outras tantas se achegaram a ele. Todas elas, invariavelmente, porque, um dia, atenderam ao convite dos Mensageiros do Cristo, que dizem: - Ide e pregai! E porque, em algum momento, perguntaram a si mesmas: - E quanto a mim, qual é a parte que estou escolhendo para conduzir a minha vida?
@para as meninas da Jornada, é claro.

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