quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Longe dos olhos, perto do coração...

(foto: Yvette Moura)

O que os olhos não veem o coração não sente, diz o velho ditado, tantas vezes repetido quando desejamos induzir alguém, ou a nós mesmos, ao exercício do desprendimento. Mas, retornando para casa com as minhas filhas, trazendo na bagagem as irmãs Pepa e Sara – após o feriado de Nossa Senhora Aparecida na casa de minha irmã Ana, no interior de Pernambuco –, eu já não tenho tanta certeza quanto à eficácia da proposição acima...

Nascidas da primeira barriga de Benta – cadela da raça Daschund, tamanho zero, espécie Capa Preta, que Aninha cria há quase três anos, juntamente com seus dois irmãos –, Pepa e Sara viajam conosco rumo a Alagoas, ultrapassando não só os limites da casa que as abrigou durante esses 46 dias de vida, mas o próprio território federativo em que nasceram, para iniciar uma nova e insuspeitada vida, separadamente, muito longe dali.

Pepa, a mais espevitada das duas, vai morar conosco e formar com Ping e Lola a extensão da nossa pequena, mas feliz família, que está em contínuo processo de expansão – o que faz do nosso lar um ambiente sempre alegre, movimentado e acolhedor.

Sara, a maiorzinha das fêmeas, mais calminha e dorminhoca do que a irmã, vai ser adotada por uma menininha de 6 anos de idade chamada Beatriz, filha dos amigos Sandro e Jô, que é doce e amorosa e adora dar uns abraços bem apertados naqueles a quem ela quer bem.

Há quase um mês, a pequena aguarda com ansiedade a chegada da nova amiguinha, que surge logo após o Dia das Crianças – data que certamente ficará marcada em sua vida como o início da mais bela e fiel amizade que já lhe aconteceu.

Com lágrimas nos olhos, enquanto nos reuníamos em torno da piscina, na manhã do último domingo, a minha sobrinha já vislumbrava o sofrimento que seria se desfazer dos primeiros filhotes da sua cachorrinha. Em seus planos, pretendia manter a mãe na companhia das crias, igual ao que fizera com os seus dois irmãos, Dante e Mila, quando resolvera criá-los também para não separar “a família”.

Mas a insistência dos amigos para que doasse os cachorrinhos e o alto custo que mantê-los lhe traria (afinal, seriam sete cachorros numa casa!) fizeram com que Aninha aceitasse doar três deles: Lula – O Grande, que será de Dona Maria; Pepa – A Espoleta, adotada por Jade desde a barriga; e Sara – A Dorminhoca, agora a companheira inseparável de Bia. Com Aninha vai ficar apenas o menor dos machos, Tobi – O Tal, que crescerá ao lado de Benta – A Matriarca, Dante – O Pai e Mila – A Tia.

Naquela ocasião, entretida com os ossos do churrasco que estávamos fazendo, Benta se esquecera dos cachorrinhos várias vezes – a dormitar embaixo de uma cadeira após uma breve mamada –, sem sequer imaginar que aquela seria a última oportunidade em que os seus filhotes estariam todos juntos, como uma grande família. Feliz ou infelizmente, nem de longe, a cadela suspeitava o que estava por vir...

Para aliviar a dor do parto (o primeiro de Aninha e o segundo de Benta), a todo instante procurávamos reafirmar à dona dos cachorros que “as suas meninas” seriam muito amadas por suas novas donas e que, certamente, iriam protagonizar muitas histórias divertidas junto às novas famílias.

Mas Aninha – que escreveu uma singela cartinha de recomendações a Bia com as informações necessárias sobre a filiação, o nascimento e a raça do animalzinho –, ainda no último instante, de olhos vermelhos, dava mostras do amor incondicional que soubera nutrir por sua incomum família: - Se, por acaso, houver alguma desistência, ou as cadelinhas não se adaptarem por lá, pode trazê-las que eu aceito “devolução”!

Para todos, a vida seguirá em frente, sim, mas, embora “os filhotes de Aninha” cresçam longe dos seus olhos, ela os levará consigo sempre, bem perto do coração...



@para Aninha. Por sua coragem e desprendimento...

Um comentário:

Jade Neves disse...

Lindo, maminha!
Nesse momento Pepa tá deitadinha no sofá, com a barriguinha para cima e os olhinhos meio abertos... uma fofinha!!!!

Te amo mamis!