quarta-feira, 19 de maio de 2010

Rumo ao infinito

Quanto mais agressivo, violento e egoísta for o indivíduo, mais denuncia a sua condição de inferioridade evolutiva, ainda bem próxima do primitivismo animal. Quanto mais amoroso, moralizado e altruísta, afirmam os sábios, mais se aproxima da angelitude.

Embora pareça inalcançável a condição dos anjos, para nós, a teoria evolucionista coloca-a como etapa final do espírito, a partir do esforço próprio e da boa vontade de cada um.

Para tanto, longa é a sua trajetória, que, trocando de corpos e animando diferentes personalidades, cada uma a seu tempo, há de viver diversas experiências educativas até se adequar às Leis Universais.

Como bem disse o Papa Gregório Magno (540 – 604), “o ser humano tem algo dos anjos, algo dos pássaros, algo das flores e algo das pedras”.

De acordo com a poesia visionária do grupo Acorde, “um dia todos nós seremos anjos”. Agora o tempo que levará para avançarmos de uma etapa a outra vai depender única e exclusivamente de nós, afinal, sendo eterna a vida e relativo o tempo, a natureza não dá saltos, podendo levar bilhões de anos para se passar de uma categoria a outra na escala evolutiva.

“Vamos trabalhar!”, conclama o poeta.

Ao contrário do que se diz por ai, a história da humanidade mostra uma escala decrescente de violência. O que implica dizer que estamos na nossa melhor performance. Somos o “top de linha” da criatura humana. O que graça no seio da sociedade, hoje, são apenas os resquícios rumorosos de uma animalidade que, aos poucos, vai sendo vencida pelas atitudes renovadas do homem do Terceiro Milênio.

Antigamente, as pessoas se reuniam em praça pública para assistir a festivais de requintes de crueldade contra criaturas frágeis e inofensivas, como os primeiros cristãos. Os gladiadores, as corridas de biga, os sacrifícios humanos, entre outras práticas, eram espetáculos sangrentos que arrancavam vivas dos presentes a cada grito de dor ou respingo de sangue.

Atualmente, a violência gratuita não é mais tolerada entre os homens. Até mesmo os que praticam atos violentos e cometem certas maldades têm a sua integridade defendida pelos Direitos Humanos. E muitas vítimas têm dado verdadeiros testemunhos de nobreza de alma e evolução moral ao responder com o perdão e a prática do bem àqueles que lhes fizeram mal.

Como os antigos duelos, nos quais a honra e o orgulho eram colocados acima do bom senso e do diálogo, dias chegarão em que os homens da Terra não se ocuparão mais em praticar a iniqüidade contra os seus irmãos. Você duvida?

Nesses tempos de transição – em que o nosso planeta dá os seus primeiros passos para a Regeneração –, os animais domésticos têm protagonizado histórias de tolerância e alteridade. O Globo Repórter da última sexta-feira, por exemplo, apresentou uma série de casos em que, embora de forma rudimentar, esses “irmãos menores” dão lições de amor, lealdade e compaixão aos homens.

Como a galinha que adotou quatro cachorros órfãos e nos levou a encher os olhos de lágrimas ao vê-la esticar as asas para proteger “as crias” na hora de dormir; a égua que adotou um bezerro com tanta entrega que chegou a produzir leite e amamentá-lo sem nunca ter tido a sua própria cria; e a amizade de um pato pelo seu dono, a quem acompanhava até na fila do banco.

Essas histórias me fizeram recordar a grande lição que foi dada por Ping (saudoso companheiro) a uma moça que trabalhou em nossa casa anos atrás. Convidada para fazer o Evangelho no Lar conosco, Penha escusou-se dizendo que ia descer com o cachorro.

Pegou a coleira e chamou o bichinho. Uma, duas, três vezes, e nada! Ele permaneceu imóvel embaixo da mesa enquanto durou o Evangelho e, só depois, atendeu ao irresistível convite. “Penha, Penha! – retruquei sorrindo. Aprende com Ping: Primeiro as coisas de Deus; depois as coisas do mundo”.

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