quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Pelas trilhas de Nosso Lar

(foto: Yvette Moura)

Virou “lugar comum” matar. Toda segunda-feira uma lista de novos nomes é divulgada para a imprensa, pelo Instituto Médico Legal, com o balanço das mortes do final de semana. A maioria é vítima de assassinato e os motivos dos crimes são os mais banais – isso quando existe um motivo aparente ou quando alguém tem a coragem de contar o que aconteceu, tudo que viu ou o que escutou falar.

Aos que assistem, atemorizados, os índices de criminalidade crescerem em Alagoas, como se aqui fosse “a casa da mãe Joana” para a bandidagem, o Estado parece estar entregue à própria sorte em matéria de segurança pública. As pessoas estão cada vez mais paranóicas com a possibilidade de terem a vida ceifada, a qualquer momento, por um motivo banal, ou perderem os seus entes queridos de uma hora para outra. A violência não avisa como, nem de onde vem, nem quando vai chegar. Viver, nos dias atuais, tem sido um grande risco.

No entanto, estamos aqui para aprender, evoluir e avançar. Todos os estudos sobre a criatura humana e a sua trajetória na Terra apontam a experiência existencial na carne como uma oportunidade de aprimoramento moral e intelectual do ser, da qual a morte também faz parte.

Mas esse extermínio de jovens não deve ser aceito como uma coisa normal. A vida não pode ser banalizada pelos que aqui permanecem, impunemente, gerando dor e sofrimento ao coração daqueles que se consolam derramando as suas lágrimas pelos que partiram. A morte também precisa ser encarada com seriedade.

O genocídio velado que se alastra pelo Brasil, dizimando meninos pobres com a desculpa de estarem todos envolvidos com o narcotráfico, precisa ter um fim. No meio das tais listas divulgadas para a imprensa existem pessoas de bem, é claro; meninos cujo comportamento não condiz com o de viciados ou traficantes. Não se pode jogar tudo num mesmo saco, como se fossem frutos podres fora da estação. Essas vidas um dia hão de fazer falta para um país que está envelhecendo rapidamente, como o nosso…

Diante desse cenário infeliz, alegra-me assistir à iniciativa de jovens talentos, que, ao invés de engrossar a fila dos pessimistas de plantão ou dos alardeadores do mal – com obras tão ou mais violentas do que a própria realidade – comprometem-se com a propagação das boas sementes e das verdades universais, como o cineasta Wagner de Assis, diretor da maior produção cinematográfica brasileira de todos os tempos, que estreia nos cinemas nacionalmente, nesta sexta-feira (03/09).

A mensagem libertadora do filme NOSSO LAR vai consolar as mães que choram pelos filhos arrebatados pela violência, num movimento antinatural; assim como também plantar sementes de esperança e conforto em seus corações carentes, mostrando que a vida continua, como manda a Lei, aqui e além.

E aos que se comprazem, ainda, em praticar o mal, ou respondem as faltas alheias com a força da sua ira e o peso das suas mãos, o filme faz um alerta importante sobre as consequências dos nossos atos, cuja colheita, individual e obrigatória, é uma realidade da qual não se pode fugir. Nunca foi tão oportuno o velho ditado que afirma: “Quem espalha vento, colhe tempestade”.

O longa-metragem – baseado na obra homônima psicografada por Chico Xavier, na década de 40 –, assim como outros produtos recentes do cinema nacional e da teledramaturgia brasileira, vem bafejar uma cultura de paz entre os homens, através do autoconhecimento e da transformação moral dos seres. Uma proposta bastante oportuna, a meu ver, para jogar de uma vez por todas, nas sombras do passado, a violência que ainda grassa por aí.

Os sorrisos sinceros e os braços que se enlaçavam espontaneamente ao final da pré-estreia do filme, ocorrida no último sábado, no Shopping Pátio Maceió, foram, para mim, um sinal de que o caminho é este: já não há como retroceder.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ei, Maria-sem-tempo, post algo mais. Tô mal, quero ler coisas novas. Há 6 dias vc não posta nada novo. Bjo. S.

Yvette Maria Moura. disse...

mulher, estou sem internet em casa, mas tudo há de melhorar.
assim que as coisas normalizarem eu conto a trapalhada da Net e seus serviços mal-amanhados.
bjos.