quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Morte, um portal para a vida


Sem querer fazer prosélitos ou ferir a crença de quem quer que seja, a idéia libertadora da continuidade da vida é o que eu desejo passar aqui. Com a proximidade do Dia de Finados, sou impelida a compartilhar um aprendizado há muito adquirido: a morte não existe.

E não falo de apreciações teóricas acerca de um livro fantasioso que li, mas da confirmação cotidiana da sobrevivência da alma, através da prática mediúnica. Como fazia Kardec à seu tempo, debruçamo-nos sobre as dores alheias para conhecê-las e aliviá-las. Com respeito e compaixão, acompanhamos os relatos emocionados daqueles que voltam para afirmar que estão vivos, tanto quanto antes.

Respeito profundamente aqueles que, todos os anos, cultuam os seus mortos como se ainda estivessem vivos. E ouso até dizer que eles estão certos. Mas não posso compactuar com a idéia de que os entes queridos – que, para nós, sempre se vão antes do tempo – continuem, talvez por uma indiferença divina, jungidos aos próprios despojos. Isso não.

A vida estua além da matéria, numa forma ainda mais perfeita.

A data convencionada para a visitação aos mortos é uma prática surgida na Gália, quando esta ainda ocupava o território que, hoje, corresponde à França. Naquela época, cerca de 800 anos a. C., os gauleses, ou Celtas, festejavam os mortos no primeiro dia de novembro, com a Festa dos Espíritos – que era realizada não nos cemitérios, mas dentro das casas, onde os médiuns da época se comunicavam com os habitantes do mundo invisível.

Eles não honravam os cadáveres, chegando a considerar os despojos dos seus guerreiros mortos como simples invólucros gastos e, para surpresa dos seus inimigos, abandonavam-nos ainda nos campos de batalha, sem qualquer atenção especial.

No entendimento daquele povo – que foi derrotado militarmente pela República Romana nos fins do Século II a. C. –, os bosques eram habitados pelos espíritos, e os seus templos eram as florestas. O murmúrio dos ventos, o barulho das folhas, impressionavam suas almas e os convidavam à meditação. O verde viçoso das plantas era, para eles, o símbolo da imortalidade.

Do povo gaulês, portanto, podemos colher algumas lições libertadoras quão edificantes. Como lembrar dos nossos afetos que se foram como seres vivos, que se movimentam na Espiritualidade e se comunicam conosco, sempre que possível, através do pensamento.

Despojaram-se da carne, mas permanecem vivos – trabalhando e estudando para o seu progresso espiritual, como faziam aqui –, só que numa outra dimensão. E as tumbas frias são os últimos lugares onde eles podem estar...

Mas será que eles vão aos cemitérios, no Dia de Finados? Eu lhe asseguro que sim. Pois irão aonde nós os chamarmos, através das lágrimas, oferendas ou orações. Comparecem aos cemitérios como iriam a qualquer lugar a que fossem convidados pela força do nosso pensamento.

Mas se lhes quisermos honrar de verdade, falar-lhes da nossa saudade de forma mais agradável, não existe meio de comunicação melhor do que a oração sincera, endereçada pelos fios invisíveis do coração, aonde quer que eles se encontrem.

E porque sinto compaixão daqueles que param no tempo com a perda de um ente querido, como se também tivessem “morrido”; porque lembro que o Cristo nos disse para não encerrar no túmulo dos nossos cérebros o que pode iluminar outras mentes; aproveito este espaço para falar da campanha socioeducativa que a Federação Espírita do Estado de Alagoas estará realizando, no período de 29 de outubro a 02 de novembro.

Com o tema “Morte, Um Portal Para a Vida”, objetiva desmistificar o fenômeno da morte, afirmando, por conhecimento de causa, que ela nada mais é do que uma passagem para a verdadeira vida. E você que chora a ausência de um ente querido que partiu, saiba que a vida não termina aqui. A Doutrina Espírita explica.


Nenhum comentário: