quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Força da Natureza

(Luana e Caio, pelas lentes de André Nogueira)

Agora só falta o livro! Disse minha filha, ao me ouvir contar a novidade: por ter ganhado o Prêmio Otávio Brandão de jornalismo ambiental 2010 – com a fotografia de uma garça vivendo em meio ao lixo nas margens da Lagoa Mundaú –, eu fui convidada, juntamente com outros colegas jornalistas, a plantar um coqueiro na orla de Maceió, na manhã desta segunda-feira.

Não preciso dizer que aceitei de pronto. Quem me conhece bem sabe o quanto significam essas coisas para mim. Amante da natureza, o convite me chegou como um segundo prêmio. Logo, não havia o que pensar; necessitava apenas ajustar horários e fazer-me presente.

A iniciativa da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, como parte das comemorações ao ano internacional da biodiversidade (2010), atingiu-me em cheio, atando-me a esta cidade, e especialmente ao coração da Ponta Verde, pelas raízes singulares de um certo Cocos nucifera.

Como boa “mãe adotiva” (e olha que eu levo essas coisas bem à sério), depois de escolher o lugar adequado para plantar o “meu coqueiro”, fiz questão de pegá-lo no colo e colocá-lo, por mim mesma, em seu “berço” (nome dado pelos organizadores às covas que os abrigaria na nova morada).

Posei para várias fotos ao seu lado – sob a mira de Láyra Santa Rosa, que, igualmente aos colegas Deraldo Francisco e Mônica Lúcia (todos do Sistema O Jornal de Comunicação), também fora convidada –, e só então foi que o batizei com o codinome “Caio”: uma singela homenagem ao meu “meio neto”, que nasceu na semana passada, em Recife.

Ao me despedir, para cumprir as outras pautas do dia, marquei o lugar e, mentalmente, prometi ao “afilhado” que voltaria aos domingos para visitá-lo. Irei acompanhar o seu crescimento com desvelo e cuidados especiais, assim como tem feito Luana – a irmã das minhas filhas – com o seu pequenininho.
E quando este vier visitar as titias e a “vovó torta”, em terras alagoanas, farei questão de levá-lo até o coqueirinho plantado por mim, a fim de que se reconheçam, um no outro, como integrantes de uma mesma família universal chamada Natureza.

Sem pieguismo vão, ou qualquer exagero de minha parte, quero que o meu netinho cresça com consciência ecológica, sabendo respeitar o meio ambiente e todos os seus integrantes. No que depender de mim, estarei a postos para incentivá-lo, com lições e ações educativas, sempre que me for possível.

E quando estiver mais velho, e os percalços da vida começarem a lhe inquietar, hei de apresentar-lhe mais uma vez o coqueiro homônimo, como exemplo de luta e perseverança.

- Estás vendo estes nódulos, que marcam o tronco esguio do “nosso” coqueiro? – perguntarei ao meu neto, apontando os desenhos do tempo na árvore envelhecida. São cicatrizes que representam anos de luta e vitória sobre a sua própria natureza. Onde hoje é uma marca porosa e sem brilho, há anos foi haste, verde e firme, que sustentava a folhagem viçosa de sua copa.

- E estas curvas, que a empurram para o alto num desenho sinuoso, são décadas de esforço e resistência contra a Lei da Gravidade e as eventuais ventanias; em busca de equilíbrio, harmonia e sustentação...

- Conduz a tua jornada, filho, com a garra e o equilíbrio com que “Caio” tem sustentado o seu tronco, longilíneo e delgado. Confia na Luz que nos ergue para o Alto e segue, perseverante e firme, como “ele” faz. Que importam as tempestades e os ventos fortes, que poderão surgir pelo caminho, fustigando o teu corpo, se és muito mais do que ele?

- As curvas da alma representam a batalha incansável do espírito no processo íntimo de sua ascensão. O que poderás temer, se nunca estarás sozinho?

E, mais uma vez, convidarei o meu neto para um caloroso abraço no meu “meio filho”, a fim de que ele reencontre a si mesmo, e reconheça a força da Natureza que habita dentro de si.

4 comentários:

Láyra Santa Rosa disse...

Yvette,
Que texto lindooo!!! Adoreiiii!!
Beijos enormes

Anônimo disse...

maîn a ta lidu u testu di ca caiu bêju pepa

Anônimo disse...

Cat, estou atônita!! Como assim, só falta o livro???!!! Você azuna!! Junte suas crônicas - um livro! Faça um inventário dos pensamentos, recadinhos, curtas e boas - dois livros! Quer mais?? Separe por temas - aí, se perde a conta: três livros, quatro livros... Sem falar em algumas verdadeiras reportagens, que você já publicou aqui nesse espaço - e que juntas dão masi qeu um livro! Azuna, Moka!!!

Beijos,

S.

Luana disse...

Precisamos ver o coqueiro Caio, não é? Será que ele tá torto como a tota? Hahahaha!