Embora os apelos lá de fora, cá dentro um silêncio
intrigante engessa as minhas mãos, silenciosas e expectantes. Parados sobre o
teclado, os dedos anseiam pelo momento de deitar sobre as letras e dar o
impulso desejado, até imprimir uma idéia específica na tela em branco do
computador.
Vivo o conflito entre interagir ou me “distanciar” para escrever a
crônica de hoje...
Lá fora, a campainha toca mais uma vez e, pelas vozes,
identifico outras duas amigas das meninas que chegam, acorrendo ao animado
encontro marcado na véspera. A alegria delas me anima, e aquece o nosso lar
nesta tarde fria. Mas também me desconcentra...
Como se nada tivesse a dizer, eu me calo temporariamente, e
espero acostumarem os sentidos ao ruído ambiente, até conseguir, finalmente,
elaborar uma idéia mais consistente e discorrer sobre ela.
Alheias ao drama vivido entre as quatro paredes do meu
quarto, seis adolescentes curtem as férias conversando alegremente, na sala de estar.
Como “gente grande”, bebericam o café que eu fiz a pouco “para esquentar”,
comem fatias de bolo caseiro e sorriem solto, falando ao mesmo tempo sobre
diversos assuntos [adoro isso!].
Fechada a porta, vem-me à mente um trecho de uma mensagem do
Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. XVII, item 10), que contextualiza a minha
satisfação por ver as filhas receberem as suas melhores amigas em nossa casa:
“Aquele, pois, que se isola, priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de
perfeição; não tendo que pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta”.
Como é bom ter amigos. São momentos descontraídos como esse
que irão lhes permitir conhecer uma à outra com mais profundidade, e descobrir
as suas preferências, além das tendências que trazem desde o berço, como
verdadeiros sinais indicativos dos seus valores e das suas personalidades.
Nos momentos difíceis, além da mãe e do pai, certamente elas
poderão contar com o auxílio daquelas com quem mais se afinem. E pedir
conselhos, compartir os seus dramas, chorar as suas dores, contribuirão,
certamente, para o fortalecimento das parcerias iniciadas em dias mais felizes.
“O homem que vivesse só, não teria caridade a exercer; não é
senão no contato com os semelhantes, nas lutas mais penosas, que disso encontra
ocasião”, continua a mensagem me remetendo a uma das frases que “coleciono”,
proferida por um amigo muito querido, que há muito não vejo.
“Eu só conheço o que existe de bom em mim por causa de
você”, disse Narciso, arrancando lágrimas dos meus olhos, para pontuar a
relação de parceria e auxílio mútuo que estávamos construindo, anos atrás.
Atualmente morando em outro Estado, só de lembrar os
momentos compartilhados com o referido amigo o meu coração se aquece e eu me
sinto gratificada por tê-lo, um dia, conhecido.
Tenho certeza de que, nas situações mais inesperadas da sua nova vida, a
minha lembrança também há de lhe assomar à mente, em algum instante, trazendo
intraduzível satisfação.
Contudo, não sou ingênua: sei que amizade é convivência
mesmo. Mas, tudo que é construído sobre as bases da cooperação e do respeito
mútuos tende a se perpetuar no tempo.
@para Jade, Maya, Manu, Clarissa, Tamires eTainá.
4 comentários:
Já adorei o título, só pra começar. Muito fofo! Perto do que você escreve, a gente fica sem palavras pra descrever o texto. Adorei a homenagem!
Que lindo! E sabe onde está a beleza? Na SINCERIDADE das palavras! E só pode escrever tão bem assim, pessoas sensiveis e sábias! :)
meninas,
ter vcs em nossa casa é sempre um prazer.
Saibam conservar essa amizade e a alegria genuina desses encontros, pois, mesmo que as suas vidas tomem rumos diferentes, terão sempre corações amigos nos quais poderão repousar as suas almas cansadas, se um dia vierem a precisar.
um beijo beeeemmm grande nessas bochechas!
meninas,
ter vcs em nossa casa é sempre um prazer.
Saibam conservar essa amizade e a alegria genuina desses encontros, pois, mesmo que as suas vidas tomem rumos diferentes, terão sempre corações amigos nos quais poderão repousar as suas almas cansadas, se um dia vierem a precisar.
um beijo beeeemmm grande nessas bochechas!
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