O sorriso nos lábios, as mãos estendidas em gesto acolhedor,
a porta entreaberta... Nada conforta mais do que saber-se esperado por alguém com
quem se pode dividir um pouco o peso dos dias e as expectativas de futuro,
sejam alvissareiras ou não.
Para compartilhar um problema, sorrir um pouco, caminhar a
esmo ou empregar simplesmente um pedaço do dia numa conversa molenga, que nos ajude
a seguir em frente apesar das dificuldades... O que seria de nós sem a amizade?
Desconfiados e arredios, estamos cada vez mais refratários
nos dias de hoje, preferindo muitas vezes as amizades virtuais – que não nos
julgam nem nos conhecem a fundo, podendo, inclusive, ser “deletadas” a qualquer
momento.
As amizades verdadeiras – aquelas construídas com pequenas
porções de dedicação, e fortalecidas por pitadas sutis de tolerância, retalhos
de paciência, nacos de compreensão, e o exercício contínuo de solidariedade e cooperação
–, que surgiam das situações mais inusitadas, ou entre vizinhos próximos, estão
sendo relegadas ao segundo plano.
É a tecnologia substituindo o contato físico, o olho no
olho, o tête-à-tête, o ‘ao vivo’ e ‘em cores’ dos encontros reais...
Infelizmente, as frustrações, que perpassam os
relacionamentos humanos, já não servem mais ao amadurecimento das amizades
duradouras, mas à maledicência e ao afastamento imediato.
Como uma amiga minha, que pedia e devolvia a fotografia dos
mais próximos de acordo com as suas altercações de humor e as rusgas que vez ou
outra surgiam nas suas relações afetivas. Para ela não havia meio termo: era
amar ou odiar. Compreendi isso quando me devolveu o livro que lhe havia
emprestado, com a minha fotografia entre as páginas. Daí por diante passei a desconversar
todas as vezes em que me pedia outra foto para afixar no mural do seu quarto.
Mas
o que seria de nós se não fossem os amigos?
Parei certa vez para tomar um café, na orla da Pajuçara,
enquanto ruminava os problemas que me fervilhavam à mente. Tudo o que queria
era sentar sozinha e ficar por ali, sorvendo o meu pretinho, sem ser incomodada.
Cheguei ao balcão e pedi o cappuccino de sempre. Mas, antes
mesmo de registrar o pedido, a atendente olhou para mim e soltou à queima
roupa:
- Você tem amigos?
- Tenho. Respondi sem pensar, embora a certeza de alguns
poucos nomes guardados à conta de irmãos.
Mirando o horizonte, seus olhos se encheram d’água e eu a
ouvi dizer, como se declarasse a si mesma, “eu não tenho um amigo!”.
- Agora tem. Retruquei de imediato, como quem se antecipa ao
prêmio que lhe será ofertado em seguida.
Naquele instante, toda a minha programação perdeu o sentido
e eu tive a certeza, pura e cristalina, do que devia fazer: dei um passo para o
lado e fiquei ali mesmo, tomando o meu café à beira do caixa, enquanto Patrícia
me contava a sua história e, assim, ia dispersando as densas nuvens que trazia
na alma.
Ficamos amigas. E ainda hoje me lembro, com imensa ternura,
das inúmeras vezes em que nos consolamos mutuamente. Aprendi, naquele dia, o
que Joanna de Ângelis assevera no excelente O Homem Integral – “o
homem solidário jamais se encontra solitário” –, colocando no amor ao próximo a
chave primeira para a plenitude.
@para aqueles verdadeiros anjos sem asa que me ampararam nas noites escuras.
8 comentários:
Oi, amiga, qto tempo? Andei afastada do meu blog, to retornando aos poucos e me familiarizando com as novas postagens do seu. Chegar em casa,encontrar um sorriso,braços abertos, ainda não dá, rsrsrs, pois moro só; o que sinto é a presença DIVINA o tempo todo.Concordo que o computador está afastando as relações reais,tirando-nos o prazer do "estar com a pessoa".Solidária sempre fui e sempre serei,tá no meu âmago, aprendi vivendo só, há mais de 20 anos.Tens face? Estou indo para Maceió sábado para fazer concurso TJ no domingo;seria tão bom podermos nos ver, se você quiser, é claro, rsrsrs; não sei qual bairro vou ficar,é casa da família do meu ex.Meu face é: JOELMA JO VIEIRA.Um abraço e fica com DEUS!
oh, querida, adoraria te encontrar, mas neste fim de semana estarei em Recife para comemorarmos o aniversário da avozinha das minhas filhas. mas vamos ver se a gente ajusta as nossas agendas e dá um jeito de se encontrar, com certeza. vou entrar no teu facebook.
muito feliz em te encontrar por aqui!
bjo.
excelente mensagem, amiga querida! sempre sutil e tocando nos pontos necessários. parabéns pelo artigo de hoje!
bjs,
Iracema.
!!! Essa historia Iluminou o meu dia Yvette. Paz e bem.
Cláudio Silver.
nossa yvette, que coisa mais linda esse texto. sensível e verdadeiro!!
Cleide Oliveira.
Yvette querida, vc sempre maravilhosa nos seus commentários,no que vc escreve! Parabens amiga, por este coração sensível e esta alma grandiosa! Obrigada por estar entre nós.Obrigada por ser minha amiga. Eterna com certeza, é a nossa amizade!Bjos.
Conceição
pensei no seu texto hoje yvette reencontrando grandes amigas que tenho desde a infância. parece q o tempo n passa.
Carol Sanches.
linda tenho muito orgulho de dizer que voce é minha irmã
simone.
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