domingo, 25 de fevereiro de 2007

Pra me embalar

Olho o céu tarde da noite, antes de me recolher, e vejo tudo tão claro, nuvens tão leves e esparsas - espaço azul perfurado de estrelas, feito lona de circo -, que cuido logo de guardar no bolso do velho casaco, a velha esperança de amanhecer um domingo chuvoso, com pingos escorrendo pela janela, o cheiro de terra molhada invadindo as narinas e aquele som que é música para os meus ouvidos, e me acalanta a alma e me conduz ao mais íntimo de mim...

- Pode esquecer! Parecia me dizer o céu, tão claro, dessa noite quente de fim de verão.

E eu esperei, à toa, chegar o temporal que vi cair em plena sexta-feira, quando me arrumava para ir trabalhar.

E já nem sei de onde é que vem esse gosto meu por dias cinzentos, cobertos de cor e som de temporal. Nem sei! Tudo que sei é que a esperança é a última que morre, já diz o ditado. E é por isso que eu vou dormir com esse desejo forte, guardado dentro de mim, teimando em acreditar que daqui até mais tarde tudo pode mudar.

Até o azul do céu e as nuvens espaçadas podem se ajuntar e escurecer, de repente, acinzentando tudo pro domingo nascer assim, feito sexta-feira. E eu poder dormir até mais tarde, ouvindo a música da chuva a me embalar os sonhos.

Nenhum comentário: