quarta-feira, 7 de março de 2007

Pequeno grande gesto

Sem a menor sombra de dúvida, em dias como este, ser mulher é um grande privilégio. E não pensem os homens que me refiro aqui à proximidade do Dia Internacional da Mulher – em que seremos congratuladas pelas conquistas alcançadas (embora fossem outras as que estavam na linha de frente da luta feminina). Não, não!

A minha alegria é tão somente a possibilidade que nos é dada, pelos cabelos compridos, de levantarmos os cachos, ou mesmo os fios lisos, e prendê-los, graciosamente, no alto da cabeça, para aliviar o calor.

Aliás, é o calor causticante a que ficamos expostas nos vários momentos em que nos deslocamos de um lugar para outro que, nesse instante, me inspira esta pequena divagação...

Poder prender as madeixas e sentir a brisa nos soprar levemente a nuca é o protótipo da felicidade em um dia assim. Por mais que seja leve a roupa que nos proteja o corpo, tudo incomoda. Tudo aperta. Tudo confrange a liberdade.

Em dias como este, o conceito de liberdade assume um outro significado, embora não diminua em nada a alegria de sentir-se livre: Liberdade [do latim libertare] é o momento ímpar em que se chega à casa, abre portas e janelas, toma um banho bem gostoso e, enfim, pode sentir a brisa acariciar, suavemente, todo o corpo, aliviando-o do calor e do cansaço físico.

Nesse ponto, o privilégio já não se restringe a homens ou mulheres. Criaturas de todas as raças e espécies, até as pedras e as plantas, sentem-se completamente aliviadas com um bom banho no meio de um dia calorento como o de hoje.

Mas, enquanto não dá para chegar a casa e se banhar com esse líquido maravilhoso, do qual nosso planeta ainda é pródigo, o que nos faz suportar a vida mesmo é esse pequenino, mas relevante gesto de levantar os cabelos e arrumá-los harmoniosamente sobre o juízo esquentado para refrescar a nuca...

Então, dá licença que eu agora vou usar as mãos para me arrumar aqui e... Vouala!

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