domingo, 17 de junho de 2007

Palavras (a continuação)

e eu que sorvo o presente, o passado e o futuro de um gole só, tive que apaziguar os sentimentos que lutam dentro de mim, como o fogo e a água pela sobrevivência; como a noite e o dia, que nunca se encontram, embora andem de mãos dadas no tempo da existência...
e eu que dou nome a tudo, tive que te chamar, às pressas, de meu amigo, quando pela minha vontade não serias nunca batizado de outro nome que não fosse meu amor...
e eu que crio dramas e conto estórias sobre tudo tive que silênciar os pensamentos e os conflitos que se criaram em minha mente, feito mil redemoinhos, encaracolando com milhões de pesamentos vãos os finíssimos fios do cabelo liso que escorrem, feito água jorrando aos borbotões, por cima dos meus ombros...
e eu que me entrego inteira a cada novo encontro, preferi te guardar em uma das tantas caixinhas que talhei para organizar o mundo e ser somente minha: para não correr o risco de ficar como folha avulsa ao vento ou ter que pertencer a outrem, feito meia costela, por falta de opção.

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