terça-feira, 19 de junho de 2007

Longe é um lugar que não existe...

Estava pensando sobre o milagre que é ter família e amigos e como é importante saber conservá-los e os manter sempre por perto, mesmo que distantes...

Passei a vida tentando unir um e outro grupo em um espaço comum, ao mesmo tempo. Tentando driblar as diferenças para que as semelhanças fossem maiores. Tentando vencer as resistências para que se conhecessem e descobrissem, um no outro, pedaços de mim.

Para que me tivessem por inteiro...

Talvez porque reconhecesse no amigo o irmão que a vida me deu. Ou porque quisesse, com tanta força, fazer dos familiares amigos verdadeiros... Sei lá!

O fato é que não há coisa que eu valorize mais do que uma amizade sincera, leal, dessas que a gente pode contar até em noite de chuva e que a comunicação vai além das palavras. Semelhante a família reunida e a sensação gostosa de chegar a uma casa onde todos nos estão aguardando.

Certa vez cheguei a chorar, quando entrava em casa, só de imaginar uma menininha correndo de braços abertos para me receber (a alegria de ver alguém tão feliz só por estar abrindo a porta para mim foi indescritível!). Seria um desejo apenas? Uma premonição? Não sei.

Só sei que tinha apenas dezoito anos e sonhava acordada com cenas assim...

Dizem que, uma vez saído da terra natal, o homem não tem mais fronteiras: é do mundo! E eu me sinto um pouco assim. Gosto de me sentir em casa ao transitar por esta existência. Gosto da idéia de estar reencontrando irmãos. Então, como dizer onde começa ou termina a minha família?

Mas alguém pode achar esquisita essa idéia de ter todo mundo ao mesmo tempo. Pode questionar se um ou outro não se sentiria, de algum modo, um estranho no ninho. É possível! E talvez seja por isso que eu me resigne a tê-los aos pedaços, separadamente: um de cada vez. E seja intensa a cada novo encontro, inteira onde quer que esteja. Porque não há nada melhor do que encontrar as pessoas de nossa estima...

Mas os meus amores (aqui eu englobo os dois grupos) às vezes reclamam que não tenho tempo para eles, que estou sempre correndo. E é exatamente por isso que eu gostaria de tê-los todos de uma só vez: um encontro coletivo. É que sou meio distraída e levo uma vida corrida demais. Não sou boa com datas ou eventos sociais. Não sou do tipo “arroz de festa”, nem compenso a ausência com presentinhos.

Gosto mesmo é das surpresas da vida, do novo de cada dia, dos encontros inesperados, das brechas que crio entre um compromisso e outro para estar com as pessoas que amo.
Não importa o tempo que gaste na companhia de alguém, mas a intensidade desse encontro. Quem me conhece sabe que é assim: para cada um, um cantinho especial; um bom motivo para estarmos juntos.

Às vezes, pego as meninas na escola e anuncio: Vou seqüestrar vocês! E a algazarra é geral. “Ai, que perigo!”, gritam em meio a gargalhadas. Porque sabem que esta é a senha para um dia diferente, por mais curto que seja o momento que vamos compartilhar: uma água de coco na orla; o almoço em algum restaurante de nossa preferência; um curto passeio, olhando as belezas naturais, enquanto toca a música no rádio e os olhos vagueiam, observando o ritmo adverso dos transeuntes...

A vida é corrida para todo mundo, mas toda hora é hora para a celebração do amor.

Ao fim de tudo, são as emoções compartilhadas nesses breves instantes que guardaremos na lembrança – o arquivo que nos dará forças para continuar vivendo. E para as pessoas que se amam, longe é um lugar que não existe. Como aprendeu o amigo que ao pegar a filha de cinco anos para ir à praia perguntou: Filhinha, o que é o amor? E ela, mais que depressa: O amor é passear com você, papai.

@Para os meus amores... Todos!

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