segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Reflexões para dias sombrios

Eu tenho dias assim, de puro cansaço existencial: uma fadiga sem tamanho para tudo que acontece e não se pode mudar. Sofro de enfados cíclicos e pequenas mazelas humanas, como tristezas e aborrecimentos, que surgem feito nuvens densas ameaçando chover sobre um belo jardim. Mas confesso: Já me incomodei mais com isso.

Já criei mais expectativas em torno das pessoas. Já tive mais ilusões em relação às coisas do mundo. Hoje observo mais do que me deixo abater pela maldade alheia. Há coisas que acontecem e eu apenas espero o desenrolar, sabe como é? É como se sentasse em frente à TV e visse passar um filme ruim: imagens sem qualidade e roteiro incipiente. Olho, assisto e deixo para lá. Perco o interesse, entende? Deixo a fita seguir adiante, esperando as cenas dos próximos capítulos.

Há situações, no entanto, em que eu literalmente mudo de canal. Porque tem coisas, e pessoas, que não merecem a nossa apreciação; não vale a pena gastar com elas o nosso tempo: o tempo é um bem muito precioso. Melhor abstrair, vá por mim!

Mas eu não falo das coisas de Deus, não! Tudo que Deus faz é bom e justo. Imperfeitos somos nós, que valorizamos demasiadamente as coisas passageiras da matéria. Que as julgamos maiores do que o que realmente são. Falo das ações humanas e das escolhas equivocadas que fazemos. Reflito sobre os rumos que as coisas tomam quando lhes pomos as mãos...

Eu me refiro aos mandos e desmandos daqueles que acreditam vencer pelo grito – em franca desarmonia com eles mesmos e com o mundo que os cerca. Digo é dos que não compreendem as lições que a perda e o fracasso trazem consigo. Porque, em verdade, esses já experimentam a ausência e a queda dentro de si. E sabe por quê? Porque os homens são falhos e todos os seus atos estão passíveis de erros.

O “caldo” sempre entorna quando as ações humanas são movidas por interesses egoísticos. E a vida fica sem sentido quando se perde a noção dos limites; quando não se reconhece no outro um irmão; quando se perde a fé e a esperança no futuro...

Na verdade, eu sempre tive uma visão positiva dos seres humanos e da vida terrena. Sempre olhei as pessoas de frente e procurei tirar delas a melhor impressão. Sempre achei que o futuro trará o resultado de tudo que fazemos no “aqui e agora”. Sempre acreditei que cada um traz em si o lobo e o cão domesticado; a serpente e a pomba em pleno vôo; o mal e o bem...

Ninguém é mal por imposição ou bom por conveniência, acredite. Cada um é o que é por que alimenta mais um lado do que o outro de suas potencialidades. Porque faz as próprias escolhas e opções, entende? Mocinho ou bandido, cada um escolhe o seu papel.

Por isso, sinto muita pena de quem não coloca para fora o que realmente traz no íntimo. Ou por conveniência, ou por medo, ou por desconfiança, ou por fraqueza mesmo. Pessoas ambiciosas são traiçoeiras! Pessoas medrosas são capazes de tudo! Pessoas invejosas são dissimuladas e infelizes. Pessoas fracas magoam e decepcionam a quantos se aproximem de si.

Mas todos nós somos, a todo instante, convidados a mostrar a face: tirar a máscara! A nos olharmos no espelho e perguntarmos a nós mesmos: - Quem é você? O que pretende? O que está fazendo para conseguir o seu objetivo?

Porque a consciência de cada um é que será o seu próprio juiz: cada qual será responsabilizado pelas próprias escolhas e ações realizadas. Não porque um Deus punitivo lhe cobre as ações cometidas, mas por que a nossa passagem ficará para sempre registrada na Natureza – em saldos positivos ou negativos –, até que sejam, por nós mesmos, neutralizados.

E é por isso que eu não gasto mais o meu tempo com coisas indignas. Tenho optado por cuidar do meu jardim. Mesmo que os dias de sombra me convidem ao replantio... E você?

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo com você. A humanidade está caminhando a passos largos para a sua decadência. Mas Deus, o todo podeoroso de Israel, é Bom e Justo.
Um abraço
Marcos Jorge