terça-feira, 30 de outubro de 2007

A vida em pedaços

O melhor dia será aquele em que as pessoas serão capazes
de gerenciar suas emoções com atitudes equilibradas.


Há dias que se impõem inteiros com suas dificuldades e desafios. Por mais que se deseje o contrário, o compromisso chama para a resolução imediata, ou mesmo paulatina, do que deve ser feito. É um trabalho que não pode ser adiado, uma resposta que precisa ser dada naquele momento, uma medida que precisa ser tomada sem demora, e várias outras situações urgentes que se insurgem “do nada” e a pessoa não pode deixar de resolver.

Nesses dias, embora os seres humanos tenham o péssimo hábito de empurrar com a barriga tudo que é mais difícil e demorado, nada deve ser deixado para depois.

Há dias, no entanto, que são verdadeiros convites ao deleite. É quando o indivíduo tira folga, literalmente, das responsabilidades e tem a "obrigação" de se divertir. O passeio, a praia, o cineminha, a reunião com os amigos, o lazer em família, tudo enfim, chama à alegria e à diversão, que são as verdadeiras anfitriãs de dias assim. Nada de cara feia, de ficar emburrado ou de mau humor, de estar com preguiça ou indisposição!

Nos dias de “descompromisso” a ordem é a descontração.

Mas há dias preguiçosos também, em que o “não fazer nada” é quase uma lei. Afinal, cumpridos os compromissos, realizadas as tarefas pendentes, gastas as energias sobressalentes em atividades edificantes, o corpo e a mente se ressentem de um momento de descanso. Mas nada que se confunda com a ociosidade – palavra que, na prática, é absolutamente desnecessária.

Porque ninguém progride na inutilidade...

Talvez por isso, também existam dias difíceis, em que a alegria e o prazer passam longe e a criatura nem sequer se lembra de que possa haver um mínimo de refrigério possível para a sua alma, cansada e escrava de certas situações. Assim também é a véspera de uma prova complicada, de uma entrevista para o tão esperado emprego. São vinte e quatro horas lentas e compridas, que são carregadas com imenso sacrifício, como se fossem intermináveis sacas de açúcar no dorso de um trabalhador braçal.

Uma resposta que se está esperando, a expectativa de algo que está para acontecer, a saudade de um amor ausente... Tudo isso alonga o dia daquele que anseia ver o presente transformado, o mais rápido possível, em passado.

Como se demora o relógio daquele que vela o corpo de um ente querido que se foi sem que ambos tivessem a oportunidade de dizer adeus. Como é fugaz o tempo de quem curte umas pequenas férias na companhia do ser amado...

O tempo é o senhor de nossas vidas, que, fracionado em horas, dias, semanas, meses e anos, nos dá a ilusão de que são mais longas; ou nos ajuda a suportar, igualmente fracionadas, as dores e as dificuldades.

Como é bom saber, quando se está imerso em angústia, que tudo passa! As dificuldades, assim como as perdas, são semelhantes a noites difíceis, cuja duração também é limitada. Mais cedo ou mais tarde surgem os primeiros raios do sol, anunciando um dia novo e oferecendo àquele que chora novas oportunidades para sorrir.

O melhor dia, no entanto, será aquele em que, munidas de Inteligência Emocional – sabedoria adquirida, segundo Daniel Goleman, com o autoconhecimento –, as pessoas serão capazes de gerenciar suas emoções com atitudes equilibradas, nascidas diretamente da responsabilidade, do respeito ao próximo, da amabilidade, da paciência, da flexibilidade e de tantos outros aspectos que moldam um bom caráter.

Para o psicólogo, a capacidade de gerenciar as próprias emoções na inter-relação com o mundo é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso das criaturas. Para mim, o melhor dia é aquele em que consigo cumprir as minhas obrigações, encontrando prazer e alegria em cada tarefa realizada e na companhia dos colegas, amigos e familiares que compartilham comigo essa jornada.

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