terça-feira, 13 de novembro de 2007

Caminhos do coração

Percebe-se a inteligência emocional de uma pessoa quando,
apesar das frustrações, ela consegue manter viva a capacidade de amar.


Para mim, toda história de amor merece ser contada, mas eu não gosto de escrever sobre um amor conturbado, repleto de traição ou competição entre pessoas que se dizem parceiras. Gosto de escrever sobre o amor verdadeiro, que ultrapassa fronteiras, derruba preconceitos e promove a paz; o amor que é cultivado nas dificuldades do dia-a-dia; o amor que vivifica os seres e promove a vida; o amor que caminha lado a lado com a esperança e se faz maior, tornando-se um exemplo a ser copiado pelos demais.

Num período em que as pessoas estão sendo transformadas em objetos, os valores estão todos invertidos e a mídia tem divulgado, com revoltante freqüência, tanta coisa escabrosa sobre a forma como os adultos estão tratando os seus pequeninos, eu finalmente tenho uma história bonita para contar.

Quando eu encontrei Mônica esta manhã e tivemos a oportunidade de conversar, já que não nos víamos há bastante tempo, fiquei sabendo da novidade: “Vou adotar uma menina!”, disse com olhos brilhantes e um sorriso estampado na face. Então, foi aí que eu percebi algo nela que ainda não havia notado: a mulher que, há alguns anos, teve a sua família maculada pela traição inesperada do marido está hoje completamente recuperada.

Afinal, percebe-se a inteligência emocional de uma pessoa quando, apesar das frustrações, ela consegue manter viva a capacidade de amar.

Apesar das tentativas, o casal não conseguiu superar a crise e o casamento se desfez, mas, por amor aos filhos, as mágoas foram colocadas de lado e eles mantiveram uma relação amigável. Ao final de tudo, Mônica descobriu que ainda lhe sobraram alguns dos tantos planos que foram tecidos a dois, entre eles, o velho sonho de adotar uma menina. Esta manhã, animada pela reciprocidade das minhas palavras, Mônica compartilhou comigo uma belíssima história de amor. O seu relato tem uma coisa em comum com os que eu tenho escutado sobre a adoção: o entusiasmo do filho biológico foi fundamental na decisão da família.

Estavam na festinha de aniversário da filha de uma amiga quando Mônica viu adentrarem ao recinto aqueles que estavam sendo esperados pela anfitriã como convidados especiais: as crianças da Creche Adoção. Mal sabia ela que aquele episódio iria gerar uma grande e definitiva mudança em sua vida e na vida de seus filhos.

Começadas as brincadeiras, as crianças logo se misturaram às demais, diminuindo consideravelmente as diferenças existentes entre elas, mas Mônica observou que uma menina permanecia isolada. Lembrando do velho sonho que acalentava, perguntou ao filho, de 12 anos: “Se eu fosse adotar uma criança, qual delas você gostaria que eu adotasse?” O menino olhou em volta e parou os olhos no canto da sala: “Aquela!” Respondeu, convidando a mãe, de imediato, para se aproximarem, a fim de conhecê-la.

- Qual o seu nome? Perguntou a minha amiga.

- Luana. Respondeu a menina timidamente.

E como a mãe sempre dizia aos meninos que a irmã deles se chamaria Luana, o garoto arregalou os olhos e falou animado: “Mãe, é a sua senha!”

Prudente, minha amiga desconversou, mas ficou por ali, ora falando com a criança, ora observando-a a distância. Mas o primogênito, respondendo aos apelos misteriosos do coração, não sossegou até que a mãe oficializasse o pedido de adoção. Enquanto não sai a guarda da menina, a família a visita semanalmente na Creche Adoção.

Feliz, Luana já sente o carinho de todos e a proteção irrestrita do irmão mais velho, que, orgulhoso, não perde a oportunidade de apresentá-la a quem encontra pela frente: - É a minha irmã!

@para Mônica e a sua bela famílía.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Ivette! todas as terça
assim que acaba o Bom Dia
eu tenho um programa que me relaxa do stress de ter colocando um telejornal no ar.
Eu leio a sua crônica!
E a de hoje me emocionou mais do que as demais. Sem querer peguei uma lágrima rolando no rosto. obrigada por existir e compartilhar da vida e do amor por ela.
beijos,
Ana Margareth.

Yvette Maria Moura. disse...

eu que te agradeço por este belíssimo comentário, minha linda.
saiba que é uma alegria imensa tê-la como leitora.
que Deus continue me inspirando com as poesias que Ele escreve na terra para que eu possa ter o privilégio de te refrescar a fronte cansada,
toda terça-feira,
com gotas de paz e esperança.

um beijo grande.