quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Cara a cara!

Então tiramos fotos, trocamos e-mails e prometemos, entre sorrisos e abraços,
que nos transformaríamos, pelo menos, em amigas virtuais.


Quando era criança, a única Ivete que eu conhecia além de mim mesma era a minha mãe. Católica fervorosa, ao escolher o meu nome, além de homenagear a si própria, já que o primeiro filho homem ganhara o nome do pai, mamãe reverenciava a santa francesa cujo dia se comemora em janeiro, três antes do meu (16/01). Por isso a grafia diferente...

Naquela época, final da década de sessenta, não se fazia ultra-sonografia para saber o sexo do bebê. As mulheres seguiam mesmo era a intuição para descobrir se a criança que estavam gerando era menina ou menino. Lá em casa, somos seis irmãos, logo, à medida que a família foi crescendo, mamãe percebeu que os filhos formavam casaizinhos. Quando engravidou pela sexta vez – porque o Papa só liberaria o uso da pílula um ano depois do meu nascimento –, ela já sabia a seqüência: - Vai ser um menino!

Contrariando as expectativas, cheguei sem nome predefinido. Às pressas, creio eu, somadas ao desejo de que fosse a última gravidez, a devoção religiosa de minha mãe e a feliz “coincidência” de haver uma santa com o nome igual ao dela na mesma semana do meu nascimento, deu-me a alcunha de Yvette.

Na adolescência, no auge da crise de identidade, bem natural desta fase, eu não gostava de ter a mesma graça que minha mãe. Além do mais, nunca encontrara outra Ivete na vida e, para piorar, o seu significado me parecia um tanto quanto insignificante. Tudo que eu conseguira encontrar sobre o meu nome era que se tratava do diminutivo feminino de um outro nome meio sem graça, que, por sinal, era como se chamava um professor que eu detestava: Ivo.

Pesquisando mais profundamente a onomástica, descobri, mais tarde, que Ivo é de origem anglo-saxônica, significa “filho do Arco” e indica uma pessoa ativa e vigilante, embora meio distraída. Já o diminutivo feminino deste, além de ter o mesmo significado, é um nome que indica liberdade e esperança e é próprio de pessoas íntegras, que se regem por seus próprios critérios e os defende com firmeza, sempre que necessário.

Adulta, pude compreender o privilégio de ter o mesmo nome de minha mãe, mas não dispenso o ípsilon e os dois tês (coisa de auto-afirmação, acho.). Também encontrei vantagens em ter um nome pouco usual, principalmente nas seções eleitorais. Quanto às homônimas, só encontrei na literatura francesa e nas duas que ganharam destaque nacional, como a Deputada Federal por São Paulo, Ivete Vargas, e a cantora baiana Ivete Sangalo.

Passadas quatro décadas, esta foi uma preocupação que eu esqueci por completo. Bom, pelo menos até a semana passada, quando, inesperadamente, eu me vi frente a frente, pela primeira vez na vida, com uma xará.

Eu estava indo fotografar o Gerente de Mercado da Superintendência do Banco do Brasil, no décimo primeiro andar do edifício-sede, na Rua do Livramento, quando, ao me identificar, ouvi a secretária dizer, com a maior naturalidade do mundo, que também se chamava Ivete.

Não acreditei! Depois de tanto tempo eu, finalmente, conhecia outra Ivete! Fiquei eufórica e logo descobri que também era a primeira Yvette que a Ivete conhecia pessoalmente. Não é fantástico? Então tiramos fotos, trocamos e-mails e prometemos, entre sorrisos e abraços, que nos transformaríamos, pelo menos, em amigas virtuais.

E para quem ficou curioso para saber mais sobre a minha xará, tudo que posso adiantar, em virtude do breve tempo em que conversamos, é que ela é mais alta do que eu, tem mais ou menos a mesma idade, é loira, usa os cabelos na altura dos ombros, é alegre, trabalha como secretária e toma chá quando tem problemas digestivos. Detalhes que, para quem nunca tinha visto uma Ivete tão de perto, já são o suficiente. Pelo menos por enquanto. Qualquer novidade, eu dou a minha palavra que conto, está bem?

@Para Ivete Maria Lira, minha mais nova amiga...

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