quarta-feira, 9 de abril de 2008

Love in the afternoon...

A justiça divina é um código de ética que está impresso na consciência de cada um e que, mais cedo ou mais tarde, despertará cobrando a observância da lei.

Não há justificativa para a morte, a não ser aquela que é própria da vida e que é comum a todos os seres: um dia partiremos daqui. Estamos apenas de passagem pela Terra, numa espécie de estágio evolutivo, portanto, assim que adquirirmos o aprendizado que necessitávamos, retornaremos ao Lar Paterno, de acordo com as nossas afinidades.

Partindo-se desse princípio e com a certeza de que a morte é um evento inexorável, por mais que nos espantemos com ela ou que nunca estejamos preparados o suficiente para a sua chegada, acabamos aceitando a degeneração física como o fim natural da experiência terrena. Contudo, há alguns tipos de morte que são mais difíceis de serem aceitos: o fim da existência corpórea em pleno fulgor da juventude; o suicídio, em qualquer época ou idade; os assassinatos de toda sorte... E aquele que nos parece mais hediondo: o infanticídio.

Na semana passada, o Brasil inteiro se comoveu com o assassinato da pequena Isabella Oliveira Nardoni, de apenas cinco anos, que, do próprio ambiente doméstico, foi empurrada para a morte. Ao ser atirada pela janela da casa de seu pai, a menina levou consigo o nome do seu algoz. Mas quem teria feito tamanha maldade com essa criança? Todos se questionam. E por que motivo, meu Deus?

Não há justificativa para a morte! A este caso somam-se tantos outros que ficaram sem resposta, como o da britânica Madelaine McCann, de quatro anos, que desapareceu do quarto de hotel em que dormia, em maio do ano passado, num complexo turístico de Portugal, onde passava as férias com a família. Na última sexta-feira, a comoção nacional foi constatada na missa de Sétimo Dia, que reuniu cerca de mil pessoas na Igreja Nossa Senhora da Candelária, na zona norte da capital paulista.

O que machuca mais é o silêncio que encerra essas mortes e a ausência de um argumento que justifique o ato infame. Talvez por isso, ao invés de vestir a toga de juiz, como faz a maioria, eu prefira buscar uma justificativa no “imponderável” que rege as nossas vidas. Prefiro lembrar as palavras do Cristo, por exemplo, que afirma que não há uma folha que caia no chão que não tenha nisso o dedo de Deus.

Assim, não desculpo o gesto tresloucado daquele que foi de encontro ao primeiro e maior dom que recebemos – o dom da vida –, pois ninguém tem o direito de dispor sobre a vida de quem quer que seja (tampouco a sua!). Chamo atenção apenas para a verdade absoluta de que o homem pode enganar ao homem, mas jamais enganará ao seu Criador. A justiça divina é implacável para todas as criaturas, logo, também o verdugo será cobrado pelo mal que cometeu. A justiça divina, no meu entender, é um código de ética que está impresso na consciência de cada um e que, mais cedo ou mais tarde, despertará cobrando a observância da lei.

Quanto aos pequenos, de quem foram confiscadas “as alegrias de um futuro promissor”, segundo a visão materialista que a maioria tem, os espíritos superiores esclarecem, no item 21 do capítulo V do Evangelho Segundo o Espiritismo: “A morte prematura, freqüentemente, é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai, e que se encontra, assim, preservado das misérias da vida ou das seduções que teriam podido arrastá-lo à sua perdição”. Deve ter sido mais ou menos isto que Renato Russo entendeu quando compôs Love In The Afternoon: “É tão estranho, os bons morrem antes...”.

Já os maus, aqueles que escolheram viver à revelia da Lei do Amor nesta existência – primeiro e maior mandamento, segundo Jesus –, para eles, nada melhor do que a vida, e vida longa, com as dores e frustrações que o estágio na Terra oferece, indistintamente, as doenças e as limitações físicas, o apego e a perda dos entes queridos... Porque se aqueles cumpriram a sua missão, a desses, talvez, ainda nem começou.

Nenhum comentário: