quarta-feira, 14 de maio de 2008

O trânsito, as bicicletas e um encontro marcado

Temos uma cultura comodista e muitos valores invertidos na nossa sociedade...

Em dias de pouca inspiração costumo buscar na mente um causo ou uma história qualquer que valha a pena ser compartilhada com os meus leitores. Mas, quando esse recurso não me parece viável, eu recorro à mídia – revistas, jornais, programas de TV –, para ver se algum tema específico me chama atenção ao ponto de discorrer sobre ele. Aí, a idéia flui.

Hoje, não sei se pelo frio, não sei se pela escassez de assunto, embora haja tanta coisa acontecendo a nossa volta, nada me desperta um interesse maior ou me inquieta a alma o suficiente para me fazer digitar algumas palavras...

Ligo a TV e vejo Ana Maria Braga tentando encontrar uma saída para o congestionado trânsito de São Paulo enquanto conversa com a “multimidiática” Fernanda Young, aquela atriz que fazia a “descolada” Márcia, do Zorra Total, cujo nome eu não me lembro, e a cantora Sandra de Sá (suspeito que seja ela, embora a boina esconda os cabelos e os óculos escuros encubram boa parte do rosto).

A apresentadora sugere o uso da bicicleta como alternativa para a diminuição do trânsito e contra a poluição atmosférica, contribuindo, de quebra, com a saúde e a boa forma física do usuário.

As artistas acham a idéia interessante, embora não se disponham a aderir: uma, por não saber andar de bicicleta; a outra, por não ter muita habilidade e segurança na condução do “veículo”; e a terceira, a descolada Márcia, por achar que há uma incompatibilidade total desse meio de transporte com a vaidade feminina.

Coisas como chapinha, maquiagem e salto alto não combinam com a “magrela”, além de toda uma série de volumes que uma mulher “precisa” levar consigo aonde quer que vá. Eis o argumento.

“Teria que andar com uma mochila, explica Márcia, o que não ia combinar de jeito nenhum com a roupa”. Já Fernanda, de rabo de cavalo e com suas diversas tatuagens dispostas pelo corpo, lembra que o capacete molda o cabelo feminino num démodé estilo coco – ponto que todas concordam, na maior gargalhada.

Divertido ou não, o problema é uma realidade incômoda para a capital paulista, pois, segundo estimam os especialistas, daqui a cinco anos a cidade entrará em colapso no quesito ‘trânsito’.

O tema é bom e dá panos para as mangas, mas sinto falta de dados mais concretos sobre o assunto, que é uma realidade de quase todas as capitais brasileiras, embora sigamos todos fazendo de conta que é um problema unicamente desse caldeirão de sotaques chamado São Paulo.

A alternativa, se levada a sério, talvez viesse a solucionar alguns dos problemas que vêm acometendo a sociedade brasileira de uns tempos para cá. A obesidade crescente da população; os problemas de saúde, que estão surgindo cada vez mais cedo; a poluição do ar e também a sonora; e os congestionamentos quilométricos das grandes cidades são questões que precisam ser consideradas com seriedade desde já.

Embora pareça fácil resolvê-las, em verdade não o é, porque temos uma cultura comodista e muitos valores invertidos na nossa sociedade...

Desligo a TV, meio entediada, e começo a digitar o que seria a introdução desta crônica quando acontece um fato inusitado: meu celular dá um sinal sonoro de mensagem e dispara uma única chamada. O número me é desconhecido, mas a mensagem revela uma relação já existente: “Boa semana com muita paz!”.

Movida pelo habitual exercício da “Prática da Boa Vizinhança”, não deixo o contato sem resposta: “Não sei de quem se trata, mas lhe desejo o mesmo”. O retorno me chega de imediato, explicando que este é o seu novo número de telefone móvel. Para minha surpresa, trata-se do querido amigo Renato Holanda: uma figura ímpar, cuja conduta e admirável exemplo de otimismo e bom humor merecem muito mais do que essas poucas linhas. Quem sabe, uma crônica na próxima semana??? Aguardem!

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