terça-feira, 20 de maio de 2008

Vaga(a)lume

Enquanto acendes o teu brilho no mundo, eu sigo o meu ofício diário de me encontrar comigo mesma, abrindo caminhos na escuridão...
Enquanto acendes com teu brilho o azul-céu dos poetas, eu ilumino a mim mesma, iluminando o lodo-chão para que os deslizes humanos se desvaneçam; inclusive os meus...
Enquanto escutas palmas crescentes em derredor de ti, nascidas do teu público particular, eu, ouvido treinado, ouço apenas um coração: aquele que se enleva a Deus em prece, rogando ser digno, um dia, do juízo que se cria em torno de si...
Feito vaga-lume, sou essa pequenina chama tremulante, que ora se acende ora se apaga, iluminando, nesse movimento, a noite de quem passa ao lado.
Como poeta urbano e andarilho que és, brilhas em plena luz do dia, enquanto que eu – quem diria! –, alumio, a cada breve intervalo, as enormes vagas de escuridão e sombra que ainda persistem dentro de mim.

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