sábado, 5 de julho de 2008

O cantador

Faz três dia que ele me acorda assim: cantando como se estivesse na varanda de sua casa. Um canto suave, mas convidativo, como se dissesse mesmo que já é hora de acordar e, depois de tê-lo feito, começar o dia com otimismo e entusiasmo.

Aceito a provocação: levanto e vou à janela, olhando em derredor à procura de sua casa.

Moro em uma área toda residencial: um rodeamento de casas e edifícios com uma pracinha bem no centro, que tem árvores, jardins e sombras, onde as crianças brincam no balanço e os adultos acorrem à banca para comprar o jornal. A essa hora, também já há táxis parados nos seus arredores, bem no ponto em que a área verde é cortada por uma transversal.

Olho uma, duas, três vezes, aguço os meus ouvidos, dou uma esticada nos olhos, mas nada. Não consigo detectar o lugar exato em que se encontra o meu amigo cantador. Olho para as árvores, os fios que levam energia às residências, os bancos da praça, o chão de paralelepípedos, o telhado da casa vizinha (uma espécie de sobrevivente em meio a tantos espigões), e nem sinal dele.

Mas quando viro às costas o seu canto ressurge, sonoro e claro, como se brincasse comigo de esconde-esconde.

Cúmplice, bem humorada, aceito, então o jogo infantil e volto para a minha rede, achando graça e tentando imaginar em que galho pode estar escondido o meu alegre amigo, o pássaro cantador.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu e meus filhos adoramos os bem-te-vís...

Um abraço.

Jacq.