quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O homem que “dismorreu”

“Mesmo assim, acostumados a creditar cada notícia a sua fonte, ainda questionávamos: “Quem foi que afirmou isso?”. Ninguém sabia responder”

Há pessoas cuja história daria um belo romance. Outras se metem em tanta confusão que o relato de suas vidas daria uma boa novela. Mas, muitos já passaram por situações tão surreais que poderiam servir de inspiração para qualquer texto literário. Igual ao jornalista pernambucano Edivaldo Lima, cuja alma foi encomendada pelos colegas e depois ressurgiu, como que por acaso, para celebrar a vida.

Garotinho, como é carinhosamente chamado, trabalhou conosco neste matutino há cerca de dois anos. Depois que saiu, continuou mantendo contato com os colegas, principalmente os da editoria de Esportes. No início desse ano, soubemos que ele estava trabalhando em um jornal de João Pessoa, juntamente com Roberto Tavares (antigo editor geral nosso), conterrâneo e amigo de longas datas.

Há três semanas, fomos surpreendidos com a notícia de sua morte, num quarto de pensão da capital paraibana. “Morreu dormindo!”, diziam uns. “Foi o coração!”, afirmavam outros. E ficamos todos consternados, embora restasse uma pequena dúvida pela falta de uma versão oficial.

Como o colega não fazia contato há muitos meses e não tinha celular, acabamos aceitando a triste fatalidade. Mas, mesmo assim, acostumados a creditar cada notícia a sua fonte, ainda questionávamos: “Quem foi que afirmou isso?”. Ninguém sabia responder.

O Paulo disse ao PC, que contou ao “seu” Ozzi e a outra penca de gente, e logo o jornal inteiro ficou sabendo que Garotinho havia partido dessa para melhor. A notícia saiu no programa do França Moura, que ressaltou os valores do companheiro, e cada um, da sua forma, tratou de encomendar alma do amigo.

PC imprimiu uma foto do rapaz, colocou-a no mural da redação e cada um foi deixando ali a sua mensagem. “Valeu, Garotinho! Fica em paz!”, abriu Luciano Milano. “Que Deus ilumine a tua alma!”, grafou, emocionado, Cacá Santiago. E por aí foi.

Na última terça, abria a minha caixa de e-mails quando vi o recado de um tal de Edivaldo. Quem será? Corri a ver o que estava escrito. Mas qual não foi a minha surpresa ao ler a seguinte mensagem: “ Olá, Yvette. Tudo bem? Quero parabenizá-la pelo blog. Não pare. Um abraço, Edivaldo (vulgo Garotinho). Talvez nos vejamos em breve. Recife "manda" lembranças. Tchau. “

“- Ele não morreu!”, gritei para os colegas. E todos vieram ler a mensagem. “Ele ‘dismorreu’!”, festejou Cacá. “É o ‘highlander’”, brincou Vitor Melo. Mas a dúvida permaneceu: por que eu, se não éramos tão próximos assim? Élen saiu de sua sala e lançou a questão que pairava no ar: “Será que é porque Yvette é médium?”.

- Altíssima tecnologia! - falou Sam, já idealizando o sistema de comunicação celeste. Lá é 3C!

O clima pesou quando alguém se lembrou da frase “talvez nos vejamos em breve”.

- Será que ele vem por aqui ou sou eu que vou para lá? Arrisquei.

- Vixe, Maria!- Elô se benzeu. Mas de uma coisa você pode ficar certa, Gaviota – disse me chamando por carinhoso apelido –, o seu blog está fazendo sucesso até no Além! (Continuou a brincadeira).

Custei a dormir, nessa noite, preocupada com o amigo. No outro dia, Vitor conseguiu o telefone da casa dos pais de Garotinho e, então, tivemos a confirmação: “Ele foi a Paulista [região metropolitana do Recife] e volta no final da tarde”.

Só então foi que Paulo contou o que aconteceu de fato: uma antiga namorada do jornalista foi quem lhe deu a notícia! Mas eu cheguei à conclusão de que houve uma pequena falha nessa comunicação: Paulo deve ter perguntado como estava o colega e a moça, magoada, lhe respondeu dizendo que o seu coração estava adormecido: “Para mim, ele morreu!” Meio “tungado”, o amigo de Garotinho entendeu que ele havia morrido, dormindo, do coração.

Felizmente, tudo não passou de um mal entendido e o nosso Garotinho, finalmente, chegou na sexta-feira para abraçar os amigos.

@para Garotinho, é claro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Já passava das 10 da noite quando várias pessoas se aglomeraram em volta da mesa com os olhos fixos no O Jornal e os ouvidos atentos na história do homem que simplesmente "renasceu". Ao final da leitura: "Meu Deus, como ela escreve bem. Misericórdia", disse tia Vanda; seguida por Dandam, que falou: "Se eu escrevesse assim,estaria feita na Ufal (cursa Serviço Social)"; Téu era só risos de espanto. Para fechar essa noite de leitura só mesmo a declaração do Pelezinho sobre vc ter sido a mensageira da vida do nosso colega jornalista. "Que criatura santa".rrsrsrsrs.


Beijos,


Elô Baêta e companhia...

Yvette Maria Moura. disse...

hahahahaha...
que maravilha, Eló!!!
meu coração se enche de alegria com um relato tão genuino como esse.
um beijo grande e o meu enorme carinho por esse grupo de leitores tão fiéis!