domingo, 19 de abril de 2009

Vaga(a)lume

Enquanto acendes o teu brilho no mundo eu sigo o meu ofício diário de me encontrar comigo mesma, abrindo caminhos ermos na escuridão.

Enquanto acendes com teu brilho o azul-céu dos poetas, eu ilumino a mim mesma, varrendo o lodo-chão que piso para que os deslizes humanos um dia se desvaneçam, inclusive os meus...

Enquanto escutas palmas crescentes em derredor de ti, nascidas do teu público particular, eu, ouvido treinado, ouço apenas as batidas de um coração: aquele que se enleva a Deus em prece, rogando ser digna, um dia, do juízo que se cria em torno de si.

Feito vaga-lume, sou essa pequenina chama tremulante que ora se acende ora se apaga, iluminando, nesse movimento, a noite de quem caminha comigo.

Como poeta urbano e andarilho que és, brilhas em plena luz do dia, enquanto que eu – quem diria! – alumio, a cada breve intervalo, as enormes vagas de escuridão e sombra que ainda persistem dentro de mim.

4 comentários:

Elô Baêta disse...

De volta a essas grandes lições de equilíbrio moral e emocional. Desta vez, mais uma sábia associação desses tão interessantes seres a nós, humanos. Assim como vagalumes há momentos que deixamos evidente a nossa luz própria; em outros, estamos numa luta constante para varrer a obscuridade da nossa alma, vencendo os nossos mais profundos e silenciosos entraves. Como verdadeiros vagalumes, vamos avante, não em busca da luz total ou de nos enterramos na penunbra, mas sim do equilíbrio para acender a nossa luz numa intensidade peculiar a cada um de nós.

Muita paz, amiga

Yvette Maria Moura. disse...

linda reflexão, Elô!
fico feliz quando há essa reciprocidade de entendimento com o leitor.
sinal de que o meu escrito encontrou eco em algum coração...
muito bom! muito bom!
então faça como os vagalumes, abrilhantando este espaço com a sua luminosa presença.
bjo.

José Feitosa (Zé da Feira) disse...

Você é feito a estrela cadente que brilha na noite, riscando o céu com um facho de luz
ofuscando o luar...

Muita coisa boa pra vc.

Abração

Yvette Maria Moura. disse...

mesmo que o exagero do poeta enxergue cores exuberantes no colorido acanhado deste vagalume, eu fico profundamente agradecida pelas tuas generosas palavras, meu amigo.
e também te desejo o melhor que a vida possa te oferecer.
grande abraço!