quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um dia muito especial

É bom que os amigos fiquem logo sabendo que eu não costumo me guiar por datas festivas e, muitas vezes, acabo até esquecendo que elas existem. Aliás, sou bem distraída com os números do calendário, chegando até ao absurdo de já ter esquecido o dia do meu aniversário. Não fossem as minhas filhas, e as suas contagens regressivas, eu talvez até chegasse a me esquecer do memorável dia em que elas vieram ao mundo (será?!?).

Há duas semanas, estando Jade e Maya de férias no Recife, eu telefonei para a casa da minha irmã Lucinha, para falar com as minhas filhas, quando fui surpreendida, do outro lado da linha, com a vozinha rouca da minha sobrinha Júlia. Com indisfarçável alegria, ao reconhecer minha voz, a menina perguntou de chofre: “- Tia, tu ‘sabe’ que dia é hoje?”. E, vasculhando a mente com certa urgência, entre aflita e curiosa, eu arrisquei: “- Hoje é o seu dia, não é, meu amor?”.

Ela deu uma gargalhada de felicidade e nem percebeu que a tia distraída – que logo ajuntou um cumprimento carinhoso e os versos costumeiros da data – havia se esquecido que ela estava completando seus nove aninhos.

Igual ao amigo Evêncio Júnior, que teve muita presença de espírito ao ligar para uma amiga, com quem não falava há vários anos, e foi recebido com um “Como você se lembrou?”. Mesmo sem recordar um fato específico, mais rápido do que imediatamente, meu amigo apelou para uma sentença que o livrasse de qualquer mancada: “- Mas, como eu poderia esquecer?”. Colou.

Lembrar de certas datas, para mim, no entanto, às vezes pode ser o início de uma trapalhada. Há dois anos, por exemplo, eu estava passeando com as meninas quando me lembrei que aquele dia de junho era o aniversário do meu irmão Anselmo. Apressei o passo para chegarmos à casa antes das 22 h a fim de encontrá-lo acordado, já que todos dormem cedo em sua residência.

Minutos antes da hora aprazada, telefone em punho, soltei a voz com o habitual “Parabéns” ao ouvir o meu irmão atender à chamada. Atencioso, ele escutou a canção até o fim e arrematou, com um carregado (e delicioso) sotaque pernambucano, assim que eu lhe dei chance para se pronunciar: “- Ôxe! Tai(sh) variando, é?! O meu aniversário é em julho!”.

Não preciso dizer que rimos muito do fato, e ele até me confessou que só assim alguém conseguia cumprimentá-lo pela passagem do seu aniversário, pois, tímido que é, costumava desligar o celular nessa data para evitar declarações piegas e clichês como a que acabara de ouvir de mim.

Os pacientes amigos que me lêem neste momento devem deduzir que aquela data me passou em branco no mês seguinte...

Mas antes que se perguntem qual é “a boa”, dessa vez, para que eu esteja aqui expondo essas memoráveis confusões pessoais, é melhor que eu me explique: desde as primeiras horas da manhã de ontem – seja via e-mail ou através de torpedos –, tenho recebido inúmeros recadinhos em alusão ao Dia do Amigo.

Confesso que não terei tempo, nem a necessária paciência, para respondê-los um a um. Escolhi, então, este meio – de maior alcance e abrangência – para felicitar a todas as pessoas queridas do meu coração pelo nosso dia. Além do mais, através dessas páginas também posso me confraternizar com os amigos anônimos (não menos queridos), que conquistei com as crônicas e os artigos publicados neste matutino [O Jornal] ao longo desses cinco anos.

Quero asseverar-lhes que, para mim, além da maternidade, não existe um amor mais bonito do que este. Amor que nasce, muitas vezes, de um encontro casual e é capaz de alcançar os páramos mais altos da fraternidade – sentimento que há de nos unir a todos, um dia, como verdadeiros irmãos. Através dessa crônica, portanto, eu abraço cada um de vocês, amigos queridos, e lhes agradeço pelo imenso carinho.
@aos amigos, internautas e leitores de O Jornal
(matutino da capital alagoana do qual sou articulista há cinco anos
e repórter fotográfica há 15).

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