quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Rumo ao que virá

(foto: Yvette Moura)

Desde as primeiras horas, 2010 já disse a que veio. E até os seus últimos instantes, agonizando em seu leito de morte, parece continuar dando recado aos homens, que seguem indiferentes... Que parte da mensagem a gente ainda não entendeu?

Um ano intenso, os seus primeiros sinais vieram misturados a tremores e estrondos – convulsões que saiam das entranhas da Terra, revirando tudo em volta e desestabilizando os seres –, como a deixar bem claro que já não há tempo a perder.

Mas, mergulhado num sono profundo, entorpecido pelos valores do mundo e o imediatismo dos mortais, o Homem insiste em permanecer adormecido ante os reclames do inusitado arauto. Em alguns lugares, suas palavras ainda nem foram ouvidas.

Enchentes, desabamentos de barreiras, terremotos, nevascas, mortes coletivas; o que ainda falta acontecer para deixar os nossos olhos bem abertos? O que estamos esperando para finalmente acordar? O que temos feito dos nossos dias?

O que falo não tem nada a ver com o filme 2012 e as suas previsões apocalípticas. Falo de mudança de paradigmas e da adequação humana ao novo momento da Terra. Falo de um tempo de transição, em que uma nova Era começa a ser escrita em nosso planeta. Falo das conseqüências das nossas escolhas, da necessidade de uma mudança de hábitos e uma revisão de valores urgentemente. Falo de uma data simbólica, que sinaliza a transição para a regeneração de toda humanidade terrena...

Afinal, 2010 também foi o Ano Internacional da Biodiversidade, quando, através de atividades em várias partes do mundo, a comunidade global da Terra deu os seus primeiros passos para um trabalho em conjunto na intenção de garantir um futuro sustentável para todos nós. A vida nunca esteve tanto em nossas mãos, e a união nunca foi tão claramente a palavra de ordem.

Há muito a Terra já deixou de ser o playgound dos humanos, o seu parque de diversões. Já deixamos de ser também as crianças espirituais de antes, com seus brinquedinhos bélicos, guerreando com a vizinhança. O tempo agora exige maturidade ética e moral. Como adolescentes ingressando na vida adulta, estamos sendo convidados à responsabilidade sobre os nossos atos e ao “mercado de trabalho”. Ninguém colocará a mão sobre as nossas cabeças; ninguém fará a nossa parte da tarefa...

Cabe a cada um fazer a própria avaliação e estabalecer as metas para o novo ano, que vem a passos largos. Não há o que reclamar do que se despede; é entender o processo e avançar, sem olhar para trás.

Àqueles que perderam “tudo” em 2010, é hora de reconstruir a vida sobre novos pilares: espiritualidade é um ítem que não pode faltar na bagagem. Aos que “perderam” entes queridos, tranquilizem-se: a gente se encontra mais na frente, com certeza.

Avançemos, pois, todos nós! Caminhando lado a lado, o percurso parece mais curto e a viagem mais divertida. Ainda não aprendemos isso? A violência é um peso desnecessário: troque-a pela gentileza. Gentileza gera gentileza, lembra? Assim também é com a mágoa, o ciúme, o sentimento de posse, o desejo de vingança...

Para que tantas amarras, se a felicidade é uma construção pessoal? Quanto mais leve, mais livre; quanto mais livre, mais feliz – esta é uma equação exata. De nada vão adiantar as simpatias, o colorido das roupas, os banhos ou as oferendas na virada do ano. A vida é positiva: se não empreender mudanças em si mesma e estabelecer novas metas para si, a criatura vai levar as mazelas do velho para o novo, invariavelmente. É isso que a gente quer? Claro que não.

A vida é dinamica – não há um dia semelhante ao outro, embora o sol se levante e se deite na mesma direção –, e nós precisamos acompanhar esse movimento e implementá-lo em nossos dias. Sendo assim, tracemos as nossas metas e avancemos, irmanados, em direção ao novo ano.

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