quarta-feira, 23 de março de 2011

Nó ou laço?


Não fosse o carnaval, muitas homenagens teriam sido feitas à mulher no dia oito de março deste ano. Algumas sinceras, outras nem tanto. Mas, imprensada entre os ruidosos festejos de momo, a data passou despercebida, e muitos certamente deram graças a Deus por não ter que celebrar o evento nem ouvir todo aquele discurso de gênero, além do blá-blá-blá habitual sobre as qualidades femininas.

Verdade seja dita, apesar de todo avanço alcançado no mercado de trabalho e nos direitos sociais, as mulheres continuam sendo traídas pelos próprios sentimentos. Passionais, em sua maioria, confiam demasiadamente nos parceiros, tornando-se presas fáceis quando o relacionamento soma mais brigas do que alegrias. As estatísticas evidenciam isso...

Sem saber como lidar com a mulher sedutora, mas também produtiva e auto-suficiente dos tempos atuais, o homem responde com a força bruta na maioria das vezes em que sente ameaçada a sua honra de macho. Tortura, machuca, ameaça e mata, sem cerimônia, porque se acha no direito de dispor da “amada” como se estivesse, simplesmente, descartando o objeto que já não lhe atende os caprichos.

Por outro lado, não posso me eximir de considerar que a mulher também é responsável por esse estado de coisas, uma vez que traz nas próprias mãos o poder de educar os homens do futuro e companheiros das mulheres de amanhã.

Sem uma educação igualitária, conscientizando meninos e meninas sobre direitos e deveres iguais, estaremos incorrendo nos mesmos erros e colocando a nós mesmas em situação de risco, ante os mandos e desmandos de criaturas tão imaturas quão cruéis.

Uma nova consciência precisa ser criada no seio da família a fim de que o futuro fale da violência doméstica e da violência contra a mulher, a exemplo dos duelos e de antigas práticas medievais, como uma coisa do passado. Homens e mulheres precisam voltar os seus olhos para a prole, considerando a educação do lar como coisa de primeira ordem.

A família, aliás, ou mais especificamente a ausência dela, é a principal causa da inversão de valores flagrante na sociedade dos dias atuais. Lições como respeito, trabalho e honestidade estão sendo esquecidas dentro dos lares. Exemplos de fé, solidariedade e amor ao próximo são relegados aos grupos religiosos. E as crianças vão crescendo sem parâmetros entre o certo e o errado.

São pais que maltratam filhos, quando não os abandonam ainda pequenininhos, fugindo ao compromisso primeiro; são filhos que, ultrapassando todos os limites, intentam contra os genitores; são cônjuges competindo dentro de casa ao invés de se ajudarem. Filhos relegados à televisão, ao computador, ao videogame, ou à babá. E a troca, o diálogo em família, o auxílio mútuo e o companheirismo parecem valores démodé e antiquados...

Mas nunca é tarde para voltar atrás e re-significar as relações interpessoais. Nunca é tarde para ser um pai, uma mãe ou um filho melhor. Sempre é tempo para aplainar as arestas e tomar novas atitudes, reconquistando a família. Sempre é tempo de reconhecer os próprios erros e apostar nos acertos, ajustando as lentes do amor.

E se for necessário ajuda, não economizemos nos recursos. Aproveitemos todas as oportunidades, todas as ofertas de qualidade, independente do rótulo. Como bem disse o Mestre, se a árvore é boa, o fruto também o é. E em se tratando de família, urge apertar mais esse laço para evitar dissabores futuros, como propõe Conceição Farias, no seminário que está organizando para os dias 25 e 26 de março, sexta e sábado próximos, no auditório do Sindicato dos Bancários.

Especialista da saúde, terapeuta da família e expositor espírita, o paraense Alberto Almeida trabalhará o tema “Família – transformando nó em laço”, e isso me parece tão oportuno quanto necessário para pais e filhos. O que lhe parece?

2 comentários:

Ivana Raisky disse...

Muito bom, Yvette, parabéns!

Anônimo disse...

Nunca pensei que Ivete fotografasse tão bem os seus textos. Jornalista boa é assim: faz tudo o que manda o figurino. Sou leitor assíduo do que você escreve. Cobra criada, não é, Ivete. Passei por aí, há alguns anos, mas somente agora estou ciente do excelente texto que você tem. Excelente dom de uma pernambucana que fotografa com a mesma sensibilidade. Parabéns do Laérson Silva para a dona Ivete.