quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Por força da Lei

(foto: Yvette Moura)

Nasceu roxinha e triste, de parto cesariano, na sexta hora do dia 12 de abril de 1971. Os sinais de depressão diagnosticados pelo médico, à época, foram alvo de comentários frequentes entre os familiares por longos anos.

Mas não só as horas passadas na incubadora marcaram a sua infância, também o jeito tímido e choroso de todos os instantes foi a sua marca registrada até a adolescência.

A filha de Manoel e Marinita tornou-se uma mulher de grandes qualidades morais e fé raciocinada, apesar dos dissabores experimentados ao longo da vida. Mas o olhar piongo e as poucas palavras são características que lhe acompanham até hoje...

Numa rápida avaliação, alguns poderiam argumentar que ela não teve sorte na vida, por isso se tornou amarga; outros, que já nasceu triste mesmo, sem alegria de viver. Mas nada que se conjecture sobre ela terá força determinante sobre o seu futuro.

Como também não se tornará impedimento para uma existência mais feliz daqui por diante. Porque a felicidade é uma construção.

Tudo que sei é que, de dois anos para cá, ela vem ganhando mais confiança em si mesma e compreendendo melhor a dinâmica da vida.

A busca do autoconhecimento, o exercício do amor ao próximo e o estudo dos porquês do destino e da dor, através da Doutrina dos Espíritos, têm lhe proporcionado uma segurança íntima tão grande e uma confiança tão profunda nos desígnios de Deus, que jamais experimentara anteriormente.

Essa experiência nova começa e lhe render frutos antes desconhecidos, como o enfrentamento dos problemas, das carências e das perdas com serenidade, sem subterfúgios nem desesperos vãos.

Ultimamente, tem tido a coragem de olhar para si mesma, reconhecer as suas falhas, esforçar-se para vencê-las, perdoar-se no que for preciso e seguir adiante, melhorando sempre.

As vicissitudes da existência humana, as reviravoltas da vida e as limitações às quais, por ventura, nos sintamos presos – que aparentemente têm o poder de nos tirar a alegria de viver e apagar da nossa face o sorriso – precisam ser revistas.

Um novo olhar deve ser lançado sobre elas a fim de serem mais bem aproveitadas por nós, como oportunidades de crescimento que são.

A todo instante estamos recebendo convites à ação em prol do bem comum, mas raras são as vezes que os percebemos racionalmente e os aceitamos no íntimo. Na maioria das vezes, preferimos as fantasias do mundo e as ilusões que criamos deliberadamente, em nome do egoísmo.

Não raro, nos frustramos mais na frente, e a própria consciência há de nos cobrar o tempo perdido.

É, então, que somos convocados ao progresso por força da Lei. Só que, agora, as coisas se tornaram um pouco mais difíceis: é a dor que nos desperta pela doença de um filho; a saudade que reclama a imortalidade, na ausência de um ente querido; um mal que nos fustiga a alma, causando uma reviravolta na vida...

Abençoadas oportunidades de aprendizado e crescimento.

- “Avançar sempre!”, comanda a consciência, altiva.

E a vida nos convoca à linha de frente:

- Chega de descanso; ao trabalho! Chega de preguiça; à ativa! Acabou a brincadeira! A vida espera por ti.


@para Morga e Baêta.

2 comentários:

Anônimo disse...

"E a vida - e vc - nos convoca à linha de frente",pois fazes parte do nosso processo de aprendizado e crescimento.
Obrigada por partilhar conosco este caminho. Esperamos que no futuro próximo vc possa se orgulhar do tempo que dedicou a esta "empreitada".

Morga e Baêta

Yvette Maria Moura. disse...

ah, se não fosse a paciência de Deus, a tolerância do Pai da Vida com relação ao tempo que gastamos "experimentando" o viver...
profundamente reconhecida pelo trabalho divino na incansável tarefa de "apacentar" este meu coração cigano, e agradecida aos inúmeros instrumentos que me deram a mão ao longo da vida, é a fé que tenho na regeneração da criatura humana que me faz apostar no potencial das amigas, como um dia fizeram comigo.

Vamos em frente!

bjs,

MM.