quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A medida do amor...

De molho, após ser pega de assalto por um desses milhares de vírus que andam à espreita, aguardando um descuido nosso para entrar em ação, assisti a um episódio do excelente seriado norteamericano Gilmore Girls, “Tal Mãe, Tal Filha” no Brasil, transmitido todas as manhãs por um canal de TV a cabo.

Na contramão dessas produções, cujo padrão é jovens descolados, vivendo longe dos pais – que estão sempre ocupados com seus negócios rendosos ou são criaturas inteiramente patéticas e fora de contexto –, esta comédia/drama mostra o dia-a-dia de uma jovem senhora, de família rica e tradicional, que optou por viver numa cidadezinha pacata quando se tornou mãe solteira.

Gerente da única pousada do local, Lorelai leva uma vida simples com a filha adolescente, longe das convenções sociais. No episódio de hoje, a protagonista leva a filha de dezoito anos para a universidade – à uma hora de onde vivem.

Além dos próprios receios, a mãe tenta amenizar as inseguranças de Rory – afastando-se de casa pela primeira vez – ao ponto de não titubear em voltar à instituição, pela terceira vez no dia, ao ver o seu pedido de socorro no page: “Volta!!!”.

Não só voltou, como organizou uma festa de boas vindas no novo quarto da filha, com muita pizza e sorvete, para ela e suas colegas de prédio se sentirem mais à vontade naquela primeira noite, além de darem os primeiros passos para uma boa convivência.

Esse episódio, resumido aqui em três parágrafos, me fez recordar as inúmeras conversas com Elô Baêta sobre a educação dos filhos. Mães comprometidas e atentas, várias vezes nos permitimos certos “exageros” para ver nossos filhos mais seguros e felizes.

Assistindo ao desenrolar da trama, sorri várias vezes me lembrando da gargalhada da amiga quando me ouve dizer que toda mãe é ridícula. Longe de menosprezar os cuidados maternos, mas exatamente por conhecê-los minimamente e saber quanto ficamos apreensivas nas primeiras vezes dos nossos rebentos, é que digo isso.

Cada etapa nova é um novo parto para nós. Mas a lei do progresso nos convida a abrir pouco a pouco as mãos, que, em vão, desejam reter a vida – parida diariamente nos corações femininos.

Eis o grande desafio! Até onde permitir que se expressem naturalmente? Quando dizer “sim”? Quando, “não”? Por não haver um roteiro definido, ou manual de instrução para cada criança, as mães contam apenas com a intuição e a fé a seu favor.

No mais, tateia-se no escuro. Educar é uma estrada construída dia-a-dia: um relacionamento amoroso de respeito e confiança mútuos; caso contrário, tudo fica mais difícil.

À medida que crescem, as crianças vão ficando cada vez mais autosuficientes e os pais, quando não conseguem afrouxar os laços na medida certa,vão ficando órfãos dos próprios filhos, chegando ao extremo de parecerem estranhos dividindo o mesmo teto, como se vê por aí.

Agora, quem não teme parecer “ridículo” diante dos filhos, vai cometer alguns excessos mesmo... Mas, às mães serão perdoados certos exageros!

Dentro do carro, na festa de despedida que a escola de seu filho organizou para os concluintes do ensino médio, e vendo o receio do menino ante o “desconhecido”, Morgana não hesitou em facilitar o processo: - Quer que eu desça com você?

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