quarta-feira, 4 de abril de 2012

A ciência do "calar"



Quando bem empregado, acalma, conforta, acolhe, aquiesce, aproxima, suscita respeito e admiração...

Quando não, irrita, magoa, entristece, distancia, e faz assomar os fantasmas todos que a raiva, o medo, a desconfiança, o preconceito e o desequilíbrio criam.

O silêncio em si, não é bom nem ruim, mas a condução que lhe seja dada será determinante sobre as conseqüências, desastrosas ou assertivas, do que se almeja.

O silêncio não destaca nem denuncia propriamente quem quer que seja, mas, certamente, já é uma resposta ou um princípio de posicionamento, que se deve levar em conta.


Calar só é meritório, de fato, quando tem por objetivo evitar uma contenda, quebrar o círculo vicioso da violência ou deixar que um tolo se pronuncie para evitar a perda de uma obra inteira.

Ao invés de omissão, a “falta de posicionamento”, nesse caso, denota nobreza.

Mas quando tenciona impactar negativamente o outro; atingir-lhe os brios, pura e simplesmente; quando responde a um incontido desejo de vingança apenas; ao invés de educar, oprime, angustia, afasta, e gera incertezas e insatisfações.

A inferioridade moral, ou imaturidade emocional daquele que o pratique, aí está implícita.

Calar na hora certa, no entanto, é tão importante quanto saber verbalizar o que sente; tão necessário quanto dizer “não” no momento oportuno; tão apaziguador quanto o “sim” no instante crucial...

O silêncio construtivo é fruto da maturidade, filho da sabedoria, alcançada com as vivências – que aprende a aguardar com paciência o despertamento alheio.

Quem cala no momento adequado dá ao outro a oportunidade de ouvir as próprias inquietações e avaliar-se a si mesmo.

Mas quem o faz por pura agressão, para demonstrar toda indiferença que o interlocutor lhe inspira, perde a grandiosa oportunidade de servir ao bem, levando paz e alívio a um coração aflito;

tanto quanto priva a si mesmo de algemas futuras – criadas pela mágoa, o ódio e o desejo de vingança.

Tanto quanto o “não”, dito com aspereza, ou a leviandade de um “talvez...” e o “sim” impensado, o silêncio empregado em favor do desprezo pode levar dias, meses ou anos para ser desfeito;

e, às vezes, as desculpas de uma vida inteira não valem para desfazer os seus danosos efeitos.

Sempre que possível, o melhor é fazer uso das palavras para esclarecer mal-entendidos.

O diálogo fraterno, respeitoso e amigo, será sempre o melhor recurso para fortalecer as relações humanas e fomentar o progresso.

Dirimir o orgulho, reconhecer os próprios erros e voltar atrás, às vezes com um sincero pedido de perdão, pode ser o primeiro passo para a própria libertação.

Mas se vir que o outro não consegue alcançar a dimensão do seu gesto, e o esforço que tem feito para vencer a si mesmo, é preferível calar temporariamente.

Porque o silêncio também é um poderoso antídoto contra as mazelas humanas, as algemas do ódio e as aflições desnecessárias.

Um comentário:

Anônimo disse...

linda Yvette ,obrigada por compartilhar tamanho ensinamento conosco.

Geisa.