quarta-feira, 11 de abril de 2012

Com relação às relações...


(foto: Yvette Moura)

O que nos faz olhar para o lado e enxergar no colega, no vizinho, no cônjuge ou num parente querido a personificação do inimigo? 

O que nos faz desconhecer, de repente, pessoas por quem nutríamos respeito, afeto ou admiração? 

Como é que se destrói, sem que a gente se dê conta disso, uma relação que até então parecia estável?

Perguntas como essas deveriam ser feitas periodicamente por cada indivíduo, num solilóquio d’alma, para que analisasse a quantas anda as suas relações interpessoais. 

Não para contabilizar os que se foram e os que acabaram de ingressar em seu seleto círculo de amizades, pura e simplesmente. Mas para avaliar a forma como tem se conduzido nessas relações.

É muito comum exigirmos do outro um comportamento primoroso e a aceitação total do nosso modo de ser. 

Com maior freqüência, no entanto, nós nos esquecemos de avaliar se estamos sendo para o outro o amigo sincero, leal e atencioso que gostaríamos de ter. Na maioria das vezes, vamos descobrir que não...

Esquecemos que respeito, ética, gentileza e espírito de cooperação são lições que devem começar em casa, sem interesses escusos. 

E a “prática da boa vizinhança” deve ser uma constante até que passe de exercício a hábito, que nos denuncia onde quer que nos encontremos.

Amar os que nos amam, que mérito há nisso? Já questionava Jesus. Fazer o bem aos que nos querem bem, até os maus fazem... 

Grande mesmo é respeitar as diferenças e construir laços de afeto com quem nos olha de lado. É ter a coragem de ultrapassar os limites das nossas “patotas” e dar o melhor de nós para estabelecer relações interpessoais mais saudáveis.

Amar o próximo e aceitar as pessoas como elas são não é uma tarefa que se realize do dia para a noite. É obra de contínua e perseverante construção, sempre calcada em objetivos elevados. 

Inúmeros já lograram transformar inimigos em aliados. E se foi possível para eles, também o será para nós. Vamos tentar?

Mas é preciso despir-se dos preconceitos (permita-se conhecer antes de “qualificar”!); despojar-se de reservas e amarras (só consegue dar realmente aquele que se permite receber.); e abrir o coração para facilitar o “encontro” (nenhuma relação sobrevive na superficialidade...).

Mas, se depois de tudo isso o outro permanece fechado, siga o seu caminho, cultivando sempre a boa semente. Pois cada um dá o que tem. 

Além do mais, como me ensinou, certa feita, uma interna do Lar Francisco de Assis, todos temos o direito de fazer as nossas próprias escolhas. E ninguém precisa adoecer por conta disso. 

Diante da recusa da outra, que eu tentara aproximar para amenizar a solidão da velhice, Maria se voltou inabalável e disse: “Deixe para lá! Ninguém é obrigado a gostar da gente”.

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