quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O Caminho

(foto: Yvette Moura)

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra! Repetia minha mãe, vezes sem conta, utilizando-se do adágio popular para ensinar aos seis filhos que os extremos são posicionamentos muito perigosos e quebradiços.

“O melhor mesmo é o caminho do meio”... Ajuntava sempre apaziguadora, a querida mestra.

Um tanto clichê, o ensinamento, no entanto, faz significativa diferença quando colocado em prática por quem costuma tomar decisões extremistas ou agir irrefletidamente, mas, cansado dos resultados desastrosos, decide, desta feita, fazer diferente.

Mais do que as palavras, uma atitude inesperada tem o poder de desarmar o oponente e, às vezes, até fazer dele um novo e precioso amigo.

A ponderação e a flexibilidade são atitudes que nascem de uma reflexão mais profunda ou de um estudo mais acurado sobre um determinado assunto, ou situação, que exija de nós um posicionamento mais maduro e sereno.

Mas para tanto, se faz necessário algum tempo, mínimo que seja, para “vestir a pele” alheia e analisar a situação com certo distanciamento e racionalidade, colocando-se no lugar do outro e observando tendências e limitações. Pois inúmeros já se arrependeram amargamente, ou sofrem funestas conseqüências, por ter tomado decisões impensadas ou agido, inadvertidamente, sob o calor das emoções.

Ameaças; assassinatos; suicídios; muitas vidas já foram ceifadas, ou colocadas em situação de risco, pela falta de equilíbrio emocional de quem as conduzia ou vigiava nas sombras.

Atitudes extremadas, ações friamente calculadas ou arroubos explosivos, são engessamentos da personalidade em situações limite. Algumas, apenas pelo hábito “mal criado” de manipular a verdade e fazer valer a própria vontade na força e no grito. Outras, motivadas por sentimentos vários, que denotam insegurança, intolerância, preconceito e intransigência.

É preciso estar atentos, portanto, às mudanças sutis que nos ocorre e às variações de humor de quem nos compartilha a existência. Ao menor sinal, liga o alerta! Chega mais perto. Redobra a própria vigilância...

Flexibilidade inspira simpatia; ponderação, segurança. Ninguém vai muito longe obstruindo caminhos ou espalhando dissabores “à torta e à direita”. Afinal, precisamos uns dos outros para nos sentir minimamente felizes. Logo, é mais inteligente construir as nossas relações sobre as bases seguras do respeito e da tolerância.

Solitude, sim; isolamento, não. Diferenças, sim; indiferença, jamais!

Pois em algum momento, por mais auto-suficiente que se seja, vamos carecer da compreensão e da paciência alheia. Façamos a nossa parte, portanto, para sermos merecedores da boa vontade dos nossos semelhantes. Afinal, como bem lembrou Francisco, é se doando que o indivíduo se faz receptor.

A lição está posta. Os convites são inúmeros. Mas, extenso ou curto, o caminho é um só para todos nós.

Fiquemos atentos, portanto. No exercício do livre arbítrio, sejamos inteligentes e pratiquemos a flexibilidade e a ponderação. De um extremo a outro – não há dúvidas! –, sempre o caminho do meio.

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