terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Como diz o ditado,


 Lembrando que a fé solicita de nós vivência 
e trabalho incessante no bem...


Sempre admirei o desprendimento dos artistas, que, não tendo emprego fixo, realizam projetos temporários – com princípio, meio e fim – tanto no teatro quanto na TV, no cinema, nas ruas, ou em qualquer outro lugar que abrigue a sua arte.

Para alguns, como o elenco das telenovelas, quando a obra chega ao ápice, atingindo o seu ponto máximo, e o público ovaciona o desempenho da equipe, é chegada a hora de parar.

Fecham-se as cortinas, as portas dos cinemas, muda a programação na telinha, e novas atrações vão sendo ofertadas ao público, cabendo ao artista apenas sair em busca de novos projetos e recomeçar.

Conscientes disso, em cada trabalho abraçado eles dão o melhor de si. E também criam vínculos, sentem saudade da convivência com os colegas, assim como todo mundo, mas não sofrem; porque compreendem que isso faz parte do meio que escolheram como “ganha pão”.

Ora, tendo sido o teatro o meu primeiro ambiente de trabalho, e tendo sido nele que eu ensaiei os meus primeiros passos na vida profissional – atuando, produzindo e fotografando espetáculos teatrais, amadores e profissionais, nos palcos recifenses, na década de 80 –, eu já deveria ter me acostumado com a rotatividade e a insegurança características de algumas profissões. 

Pois sabia, como poucos, que a existência “na carne” é mesmo assim, inclusive no lado profissional.

A gente é que tem mania de perpetuar as coisas, e fixar raízes em terrenos sem maior profundidade, esquecendo que, na Terra, tudo é passageiro e tem data de vencimento.

Podemos até não saber como nem quando, mas todos temos a certeza de que, indistintamente, em algum momento tudo vai passar (inclusive nós!)...

Pois então! Tendo trabalhado numa única empresa desde que cheguei a Maceió, não sei bem em que momento foi que eu me perdi, nos últimos dezessete anos, dessa consciência desperta sobre a inconstância da vida, e de tudo que está relacionado à nossa passagem por aqui.

O fato é que deixei esquecida, em algum canto do cérebro, a rica experiência mambembe que tive, com datas e temporadas previamente estabelecidas, no movimento teatral da capital pernambucana.

Não me recordo exatamente quando foi que botei na cabeça que a calmaria experimentada em algum breve instante da minha carreira profissional no jornalismo seria para sempre, esquecendo de considerar que, mais cedo ou mais tarde, o chão fatalmente se abriria sob os meus pés mostrando os dentes afiados da vulnerabilidade da profissão escolhida...

Mas nas poucas vezes em que isso aconteceu [fruto da minha insistência em criar raízes (risos)], um sentimento dúbio tomou conta de mim: o incômodo de ser “arrancada” da minha zona de conforto e a certeza – absoluta – de que o futuro seria bem melhor.

A fé em Deus, e a convicção de que Ele está ininterruptamente tecendo o fio de nossas vidas (embora a sua construção seja feita pelo nosso livre arbítrio), é o suporte fundamental para enfrentarmos as adversidades com paciência e serenidade.

“Você sempre calma, não é?”, escreveu-me um amigo em um recente período de crise. E eu só conseguia pensar nas palavras de Jesus a Pedro, na belíssima obra de Amélia Rodrigues, pelas mãos de Divaldo Pereira Franco, Dias Venturosos: o Reino dos Céus é um cantinho sagrado onde todas as angústias se acalmam.

Em minhas meditações, reforçava sempre a lição que afirma não estar no alto, ou embaixo, nem de um lado nem do outro, o Reino dos Céus. Mas DENTRO de cada um de nós, numa construção diária de pequenas, mas significativas, ações.

É crer ou não crer. Nada mais. Lembrando que a fé solicita de nós vivência e trabalho incessante no bem...

Virando a página, como estão fazendo os colegas com quem criei vínculos imorredouros, experimento um momento novo na sequência natural de quem vive um dia após o outro. A ordem é seguir sempre em frente! Mas, como diz o ditado, todo fardo se torna mais leve com fé em Deus e pé na tábua.

@para todos os ex-colegas, 
com afeto e com saudade.

5 comentários:

Anônimo disse...

É, minha nega, nada melhor do que olhar com carinho mais uma página virada no livro da vida de cada um de nós.
Acabei de ler seu texto fresquinho...
Amei cada palavra.
Bjo,
Elô Baêta.

Ivana Raisky disse...

Como sempre, belo texto, querida Yvette! Que Jesus continue lhe fortalecendo a fé e a serenidade. Bjs
Ivana.

Yvette Maria Moura. disse...

obrigada, meninas.
é sempre muito bom receber a visita de vocês por aqui.
bjo.

Fernando Caldas disse...

Não há nada que uma boa e generosa pitada de espiritualidade não resolva. Tua trajetória,embora acolitada pelas escolhas, segue o caminho das tuas necessidades. Nascestes mambembe, ensaiando os passos para a futura carreira jornalística, aprendendo a fotografar pelas lentes da vida e escrevendo nas pautas do coração. Se aí estás é porque criastes as oportunidades. Todo ser é original e dentro de tua originalidade estás tecendo o futuro, nos atos presentes. Bjs Fernando Caldas

Yvette Maria Moura. disse...

querido Fernando,
leitor silencioso das almas alheias...
obrigada pelas palavras incentivadoras, que sempre me impulsionam para frente.
tens razão, trilho o caminho que escolhi e, aos pouquinhos, vou criando as oportunidades para o futuro que desejo. patrocinada, é claro, pela misericórdia divina.

bjo.
é sempre bom te ver por aqui...