quarta-feira, 26 de junho de 2013

O que se quer



 Ir e vir sem ser colhido pela violência; dizer o que pensa sem sofrer represálias;
 nascer e morrer com dignidade...
 
Quando tudo estava silencioso e todos pareciam adormecidos, ouviu-se um ronco surdo ao longe, como um gemido solitário ou um longo uivo de dor, parecendo mais um bicho ferido.

- Quem grita? Perguntam. O que diz?

- Quem se importa? Dizem outros. Quem ousa me tirar do sono profundo?

Sem precisar o tempo, ou qual dos ponteiros se mexeu, não demora ouve-se outro grito, e logo outros vêm à retaguarda, como um gemido coletivo acordando toda a massa.

Lá no horizonte, o dia se insinua em crescentes rasgos de luz, como se o céu se desprendesse da Terra ou estivesse, curiosamente, beijando a sua tez.

Não há como esconder-se agora, ou fingir que nada aconteceu, porque os gritos vêm de toda parte e os rumores já se escutam pelas redondezas. Como uma massa homogênea que cresce, o clamor se aproxima a passos largos. São homens, mulheres, velhos e crianças em contínuo movimento. São jovens cheios de esperança, em rogos de mudança e atitude.

Por força das circunstâncias, saíram da internet e voltaram à vida real. Estão descobrindo outras emoções e novas possibilidades. A fuga virtual aos poucos cairá em desuso e um novo internauta começa a se mostrar nas redes: mais ativo, participativo e combatente. Sim, comemoremos, o jovem está presente!

Vem da casa, da escola ou após a jornada de trabalho. Fala por si e por todos. Quem anda e quem não anda de ônibus, quem crê e quem não acredita mais. Grita palavras de ordem, exibe alto o seu cartaz, sente orgulho de ser brasileiro. Mas repudia a desordem, a ação dos vândalos e o oportunismo partidário. Agora são, simplesmente, o corpo e a voz do povo brasileiro.

Chega de projetos mirabolantes e emendas perniciosas. Chega de farra com o dinheiro público. Chega de promessas ardilosas... O povo não quer mais samba e futebol. Quer isso e mais aquilo. Saúde gratuita e de qualidade, transporte, educação, trabalho e oportunidade. O povo quer mais compromisso, mas não é só isso; também quer liberdade. Ir e vir sem ser colhido pela violência; dizer o que pensa sem sofrer represálias; nascer e morrer com dignidade...

Atenção, senhores, ouçam o grito que vem das ruas! Em meio a tantas reivindicações, o que se quer com este clamor coletivo é respeito. Isso mesmo, o povo exige RESPEITO.

Um comentário:

Anônimo disse...

Minha amada maria moura, legal a sua intervenção cidadã. Viva o Brasil!!!

Wellington Santos