sexta-feira, 18 de abril de 2014

A data. A obra. E a ação inteligente dos Espíritos.

18 de abril de 1857. Há 157 anos, no Palais Royal, em Paris, veio a lume a obra cujo conteúdo viria instituir um novo momento para a Humanidade. 

O Livro dos Espíritos, contendo àquela época 501 itens, era o fruto de um trabalho profícuo e tenaz do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail sobre o chamado “fenômeno das mesas girantes” 

– manifestações espontâneas em que mesas de madeira maciça giravam no ar para responder às perguntas dos curiosos em torno a partir de batidas produzidas no chão por um de seus pés. 

Uma batida, sim; duas batidas, não – uma brincadeira semelhante àquela do copo, só que numa dimensão muito mais avantajada, bastante difundida por toda Europa, em meados do século XIX, como espetáculo de diversão entre os frequentadores da corte. 

Estudioso do magnetismo, ao ser insistentemente convidado por um amigo o pedagogo teve contato com aquele “fenômeno de efeito físico”, pondo-se a estudá-lo com afinco, após esgotar todas as possibilidades que o seu espírito cético e crítico de pesquisador lançou mão para justificar os estranhos acontecimentos. 

Se possui causa inteligente, deve haver um propósito mais inteligente nisso do que puramente servir à diversão humana, pensou. 

E como um cientista em seu laboratório, Rivail elaborou perguntas com profundo teor filosófico, inspirado nos questionamentos existencialistas de sua época. A primeira delas, “Que é Deus?”. 

Sem o aparato dos grandes espetáculos dos fenômenos iniciais, mas na intimidade do lar de pessoas simples e honestas, os trabalhos do professor foram iniciados através da mediunidade de duas jovens, Caroline e Julie Boudin (com 16 e 14 anos, respectivamente), supervisionadas pelos pais. 

Mais tarde, já no processo de revisão do livro, juntou-se a elas a senhorita Celine Japhet, de apenas 18 anos. 

Adotando um pseudônimo para diferenciar dos trabalhos acadêmicos que houvera publicado até ali, Allan Kardec nunca se apresentou como responsável pelo conteúdo da obra, mas como codificador: 

alguém que cumprira a tarefa árdua e metódica, mas imprescindível, de elaborar as perguntas, analisar as respostas e relacioná-las por temas, sub-temas e tópicos, contribuindo algumas vezes com comentários que explicam como tudo aconteceu e contextualizam os ensinos dos Espíritos. 

Aliás, é a eles, os Espíritos, que Kardec credita os postulados da novel doutrina. E é aí – na obra que foi ampliada para 1019 perguntas e respostas a partir da segunda edição, em 1860 –, que se encontram os princípios doutrinários do Espiritismo 

“sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as Leis Morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade”, segundo o ensinamento dado pelos Espíritos Superiores, com o auxílio de diversos médiuns. 

Este foi o primeiro de uma série de cinco livros editados pelo pedagogo sobre o mesmo tema, cada um se aprofundando mais sobre um assunto específico, apresentado no Livro dos Espíritos, e dando origem assim à Codificação Espírita: 

O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. 

O Livro dos Espíritos é uma obra subdividida em quatro livros, como habitualmente eram divididas as obras filosóficas daquela época, abordando respectivamente: 1 – Das causas primárias; 2 - Do mundo dos Espíritos; 3 – Das leis morais; e 4 – Das Esperanças e consolações.

Instituída a data no Brasil, como o Dia do Livro Espírita, anualmente os espíritas homenageamos os esforços daqueles que doaram a sua vida para que esta doutrina viesse a lume e alcançasse os seus edificantes objetivos junto à Humanidade, consolando e despertando consciências para o verdadeiro sentido da vida. 

A Jesus de Nazareth, Allan Kardec, Gabriel Delane, Camille Flamarion (e tantos outros continuadores dos esforços do codificador), 

Williams Crookes (representando os cientistas que mergulham em pesquisas para estudar o imponderável),

Eurípedes Barsanulfo, Chico Xavier (em nome daqueles que praticam a mediunidade com Jesus), 

Bezerra de Menezes (como representante dos que praticam a caridade), 

Divaldo Pereira Franco (lembrando os divulgadores), 

“Seu” Sobreira (grande difusor da Campanha do Quilo), 

e outros tantos que atuaram e atuam nas fileiras da Mediunidade, da Assistência e Promoção Social, da  Comunicação Social e da Ciência, propagando o Espiritismo e exemplificando o Evangelho de Jesus, a minha eterna gratidão e sincera reverência.