sexta-feira, 26 de maio de 2006

Aventura sem saídas - a segunda carta

Maceió, num dia meio assim... Ainda em maio de 2006.
Coisa mais linda, meu amor, é ver-te sorrir, ainda que entre lágrimas. É ouvir tua voz cantando o movimento evolutivo da vida: nada pára. A única coisa que fica ao longo do caminho é a sombra das pegadas.
A lembrança dos gestos, das palavras, do amor que sofremos, as frases que desejaram ser ditas, os sonhos que tecemos a dois... Tudo isso também passa.
Aprende comigo, querido, que gasto energia com nossas conversas, que diluo sentimentos em palavras, que digo o que penso quase sempre, mas não minto com as letras:

A vida é uma aventura infinda, cujo pulsar em nós não permite saídas: é se entregar.

Então chora todas as tuas dores através de cartas. Fala dos teus amores através de cartas. Deixa claro as tuas impossibilidades... através de cartas.

Mas não deixa a lacuna dos silêncios, dos olhares vagos, da palavra que anseia por sair, do tudo que o teu coração pode, como uma armadilha, aprisionar...
Ama, João! Mas sempre sem perder-te. Assim como esse amor que te dedico, mas que me pertence (em toda a sua essência e intensidade).
E por hoje é isso, querido, a minha fala. Guardo para amanhã ou depois o que minha alma, por cuidado ou pudor, ainda cala. E o que ainda me corre aqui por dentro: como a chuva no vidro da janela... pra depois escoar num temporal. Como a brisa que passa e brinca pelos meus cabelos... e depois volta, em forma de vendaval.
Mas uma vez, te envio meu beijo, impresso em caracteres de luz, para dissipar tuas sombras... e as minhas.
Tua Maria.

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