segunda-feira, 26 de junho de 2006

Pra te acompanhar...

Escrevo esta carta num momento oportuno. Porque falo de dores que ainda incomodam e tu sabes bem o que é isso. Doi como um corte que sangra e só depois é que se percebe...
Então pergunto: por que as pessoas andam tão distantes umas das outras? Tão ocas de sentimentos mais profundos e outros compromissos? Os meios virtuais são as únicas vias por que se comunicam... Ou por onde se perdem de vez.
A saudade lhes queima a alma. É fato. A solidão lhes abate o espírito. Mortifica-as. Mas elas não cedem ao medo. Não se privam de prazeres efêmeros. Não se redem nunca ao que o coração reclama de verdade.
O máximo a que se permitem é dividir um instante mínimo de angústia com alguém. Depois seguem atônitas, despistando suas próprias dores. Sem perceberem que são fruto da própria indiferênça de si para consigo mesmas.
Foi o que aconteceu outro dia, quando alguém me ligou aflito, arfando. Falando, de um só fôlego, sobre a falta que lhe faz o seu amor. Sobre o quanto estava ruim viver sem ele...
Lembrei de ti, meu bem. E da canção que cantei há pouco mais de um ano, recordas? Às vezes fico cantarolando no escuro. Olhando as sombras do teto e tentando entender as relações humanas...
Por que somos todos assim? Nunca estamos satisfeitos com o que possuimos até conhecermos a perda. Então aquilo passa a ser o nosso objeto de desejo. E não conseguimos enxergar nada além da necessidade de sua posse. Mas jamais saberemos se esse querer é forte o suficiente para suportar uma próxima apatia...
Sabe, é mais fácil lidar com o adeus quando percebemos a nossa impotência diante da escolha do outro. Nem tudo acontece como a gente gostaria... Há coisas que não temos o poder de mudar.
Fazer o quê, então? É pegar a reta, como se diz, e seguir cantando mais uma vez:

"Eu não sei dançar
tão devagar
pra te acompanhar...
Eu não sei dançar
tão devagar
pra te a-com-pa-nhaaarrr...
E tudo que eu posso te dar é
solidão com vista pro mar
e muita coisa pra lembrar..."

Pois é, meu bem. Eu não sei. Não sei...

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