terça-feira, 17 de abril de 2007

A linguagem do abraço II

Eu já falei aqui que a minha linguagem é a do abraço. Não há outro cumprimento que traduza melhor o que sinto do que este: seja em um momento de alegria, seja de tristeza, seja para expressar amor, amizade, solidariedade, ou mesmo para proteger ou me sentir protegida. Para mim, não há nada mais eloqüente do que a troca de energia que esse gesto simples proporciona.

É por isso que, embora minha memória não seja das melhores, trago na lembrança uma série de momentos singulares em que me deixei conduzir pelo prazer silencioso de ter os-braços-envolvidos-por-outros-braços. Mas não há nada mais compensador do que trocar este cumprimento com alguém que fale a nossa língua. As crianças, por exemplo, conhecem profundamente a linguagem do abraço, embora nem se dêem conta disso.

Foi o que constatei na semana que antecedeu o Natal de dois anos atrás, quando, ao chegar em casa, recebi o carinho inesperado de uma menininha de quatro anos de idade, que havia sido trazida pela minha irmã. Sobrinha de uma amiga de Ana, Sofia deu-me as boas vindas com um longo e caloroso abraço, como se fosse ela própria a dona da casa. Mais tarde, decidimos fazer um Amigo Secreto e ela, ao me ouvir dizer que o “meu amigo” era a pessoa que dava o abraço mais gostoso do mundo, não teve dúvida e gritou de imediato, levantando o braço: “Sou eu!”

A menina acertou em cheio. Pois seu abraço havia me curado completamente da tristeza que trazia no peito aquela noite...

Estudiosos afirmam que o abraço aumenta significativamente a produção de hemoglobina na pessoa abraçada. Logo, sendo esta a parte do sangue que transporta o oxigênio para os órgãos mais vitais do corpo humano, inclusive o cérebro e o coração, a prática regular do abraço prolonga a vida, previne contra a depressão e estimula a vontade de viver, crescer e progredir.

Diz-se – não sei exatamente embasado em que pesquisas – que o indivíduo precisa de quatro abraços por dia para sobreviver, oito para se manter vivo e doze para prosperar. Além de proteger (e curar) contra muitas doenças, já que revigora o sistema imunológico, fortalece os laços de amizade, os conjugais e os familiares.

Além de não ter contra-indicação, nem ter que pagar por ele, este remédio é do tipo que trata quem dá e quem recebe. Porque não há como dar um abraço sem receber um em troca...

Mas, em verdade, não foram as minhas lembranças que me fizeram escrever sobre este tema. A idéia me surgiu, a partir de um abraço que eu presenciei esta manhã.

Estava seguindo a trabalho, pela avenida Tomás Espíndola, por volta das dez e meia, quando me deparei com uma cena inusitada: no meio da movimentada avenida, sob um sol causticante, entre um gelo baiano e outro, estavam duas amigas se abraçando. As moças sorriam satisfeitas e enternecidas, alheias aos carros que passavam com velocidade a poucos palmos delas.

Para quem passou rapidamente, como nós (estava com dois colegas), a cena suscitou várias interpretações: um, mais maldoso, apostou que “rolou um clima entre elas”; o outro, sugeriu que estivessem protegendo uma à outra de um perigo iminente. “Talvez seja um pacto de morte!”, brinquei.

Mas o que me impressionou mesmo naquela cena foi o desprendimento e a entrega total das duas, que arriscavam a própria vida e a integridade física para porem em prática a prazerosa linguagem do abraço.

E não importa qual foi o motivo que as levou a estarem ali se abraçando: o bem estar que essa prática proporciona é tanto que não havia medo ou hesitação no semblante delas, mas um largo e encantador sorriso; confiante e cúmplice sorriso que só as criaturas que se compreendem e se querem bem sabem dar.

Um comentário:

Anônimo disse...

oia q linda aCRONICA dela!!!

te amo mainha!!!!! beijaaaaaaaaaao =********
sua filhinha q vc mais ama no mundo)(L)
JADE