domingo, 13 de janeiro de 2008

A face pequena da rebeldia

Caminhando pela orla da Pajuçara, voltei a atenção para uma voz feminina que gritava num misto de autoridade e doçura:
- Vem, Cíntia!
Chamava a mulher, enquanto guardava as cadeiras e o restante do material de seu churrasquinho de praia.
- Chega, Cíntia!
Insistia a senhora, olhando por cima dos ombros e fingindo não adular a neta que se afastara de si, alguns poucos metros, por puro arroubo de rebeldia.
Curiosa, procurei com os olhos a portadora daquele nome tão requisitado e, para minha surpresa, dei com uma menina de três para quatro anos de idade, com cachos dourados muito bem amarrados por um elástico na altura da nuca.
Virando a cabeça para o outro lado, nariz empinado, Cíntia fazia muxoxos com o canto da boca, enquanto voltava para junto da avó, meio a contragosto, resmungando palavras e gestos incompreensíveis...
Achei tanta graça naquilo que me juntei aos apelos da avó, gritando num tom mais doce ainda: - Vem, Cíntia, vem! Chega pra junto de tua vó.

Nenhum comentário: