quinta-feira, 29 de abril de 2010

Com ou sem gás?

Aqui, ali, alhures. Aonde quer que vá a gente se depara com o monopólio das bebidas gaseificadas, deixando pouca ou nenhuma opção para quem deseja beber algo diferente. Nos lugares públicos, salvo os especializados em sucos e vitaminas – que, diga-se de passagem, não se encontra em todo canto –, os refrigerantes tomam conta do mercado de bebidas não alcoólicas, fazendo o consumidor pensar que são a preferência nacional.

Quem não pode ingerir o líquido que o diga, pois fica se sentindo “um peixe fora do aquário” toda vez que lhe oferecem o dito cujo. Nas festinhas sociais, por exemplo, os diabéticos são obrigados a ficar perguntando: – Você tem o diet?

Sair para um lanche, às vezes, acaba sendo um programa estressante quando o cliente se vê obrigado a pedir o que a maioria julga ser imprescindível (será?), apenas porque não tem outra opção. Nesses casos, vale lembrar: a água nunca foi uma bebida tão desejada quanto saudável e refrescante.

- O que você tem para beber? – pergunto.

- Só refrigerante! – diz o atendente, com a praticidade habitual.

- Então me traz um copo d’água.

- Com gás ou sem gás? – pergunta o distraído.

Aff! Que me perdoem os adeptos, mas água com gás, para mim, é um refrigerante sem graça e sem sabor. Boa mesmo só a mineral.

Pois bem! De janeiro para cá, essa chateação tem sido recorrente para Jade e eu, pois nós decidimos abolir o refrigerante da nossa dieta. Mas não tem sido fácil seguir adiante com esse propósito, pois a todo instante estamos esbarrando no império dos gaseificados.

Tudo começou na última semana de 2009. Eu ia entrando na cozinha da casa de Ana quando ouvi Aninha e Jade firmarem o pacto de não ingerirem refrigerantes durante todo o ano de 2010 – a começar pelo primeiro minuto do primeiro dia do ano que se aproximava.

Sem sequer procurar saber os detalhes do acordo, eu me intrometi na conversa e adiantei que também iria aderir ao pacto da sobrinha e da filha. Elas adoraram a ideia, que só fortalecia o desafio que estavam assumindo, e logo trataram de estabelecer as penas, e multas, para quem infringisse o compromisso. Maya, mais precavida, declarou que iria diminuir o consumo, mas não participaria do pacto.

Ficou acertado, então, que quem ingerisse um copo de refrigerante, a partir da virada do ano, pagaria uma multa de R$ 15,00 para as outras participantes e que, mesmo distantes, cada uma agiria com lisura e honestidade.

Dito e feito! Anunciado o ano novo, nós tiramos por completo os gaseificados da nossa vida. Quer dizer, Aninha resistiu bravamente até o Carnaval, quando – ao nos encontrar para a viagem que faríamos juntas, a família de Ana e a minha – anunciou, propondo uma trégua e abrindo o isopor na mala do carro: – Olha o que eu trouxe pra gente! Refrigerantes de todos os sabores abarrotavam o recipiente, mas Jade e eu nos negamos, decididas, a furar o nosso pacto.

O momento mais difícil para mim, confesso, foi quando cheguei à casa da amiga Morgana, há dois meses, e encontrei as pessoas comendo pizza com Coca-cola (era aniversário dela). Comi uma fatia e pedi logo a torta, para poder tomar água.

Acredite ou não, mas estou resistindo; e sem sacrifícios! Não fosse por esse monopólio ridículo e tudo estaria bem o tempo todo. Aliás, devo dizer que estou me sentindo bem mais leve e saudável com essa medida, pois o refrigerante sempre me deixava cheia demais, além da dor estomacal que me dava sempre que ingeria o líquido com o estômago vazio.

Mas, na semana passada, a minha filha chegou em casa chateada. Nas mãos, uma garrafinha de “suco de limão levemente gaseificado”, que se sentira obrigada a comprar para não ficar “entalada” com a pipoca do cinema. – É refrigerante! – fui taxativa. Mas perdoei o seu deslize, afinal, essa é uma concorrência desleal.

5 comentários:

Elô Baêta disse...

Que texto levinho. Gaviota voando com toda leveza. Numa semana de tanta correria e esforço mental, nada melhor do que uma leitura desse tipo para relaxar. Um dia conseguirei seguir o caminho de vocês, no meu caso, é com a terrível Coca-cola. Hummmmmmmm!!! Como é boa a danada, mas pelo menos faço um esforço de só saboreá-la nos fins de semana. Um dia chego lá. Gostei, gostei...



Beijos

Láyra Santa Rosa disse...

Pois é amiga Yvette, as tentações são tantas e as formas que elas nos abordam que as vezes fica difícil resistir. É uma batalha quase que desleal, onde os gaseificados tem aliados por todas as partes. Sinta-se apoiada até por que o desafio aceito é difícil.
Um beijo enorme,
Láyra

Yvette Maria Moura. disse...

meninas bonitas,
que alegria encontrá-las por aqui!!!
então, cada qual na sua luta particular, nos seus desafios aceitos. todos lutando para sobreviver da melhor forma possível nesse mundo de tantas oportunidades enobrecedoras, mas, também, tão pródigo em convites ilusórios, em falsas promeças, e com poderosíssimas indústrias de marketing.

beijos, beijos, voltem sempre com os seus comentários sempre oportunos!

MM.

Anônimo disse...

Moka, H2OHHHHHHH é uma delícia... Dá pra tomar, cortando um montão de coisa ruim que tem, por exemplo, na coca-cola...

Vocês não foram muito radicais, cortando tudo duma vez só?

Bjoks... em vc e nas duas malas adolescentes.

S.

Yvette Maria Moura. disse...

mas ainda é bebida gaseificada. e se a idéia era cortar os refris, o H20, para mim, também está inserido.
mas, pelo jeito, eu vou ser a única que vai seguir firme até o fim, né?
mas tô tirando de letra, sabia? e me sentido bem melhor assim.

bjos, nega.
saudadona.